Superintendente da Santa Casa deixa cargo e hospital nega relação com mortes
O superintendente da Santa Casa de Campo Grande, Geraldo Justo, deixou o cargo nesta semana e não faz mais parte da administração do Hospital. A informação foi revelada pela assessoria da Santa Casa nesta quinta-feira (7). O Hospital negou que a saída de Justo tenha relação com a quebra de contrato do Setor de Oncologia, feita dia […]
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O superintendente da Santa Casa de Campo Grande, Geraldo Justo, deixou o cargo nesta semana e não faz mais parte da administração do Hospital. A informação foi revelada pela assessoria da Santa Casa nesta quinta-feira (7).
O Hospital negou que a saída de Justo tenha relação com a quebra de contrato do Setor de Oncologia, feita dia 24 de julho, após as mortes de pacientes submetidos a quimioterapia. A assessoria disse que o contrato do superintendente não foi renovado por decisão administrativa.
O caso
As pacientes Maria Glória Guimarães, de 61 anos, Carmem Insfran Bernard, de 42 anos, e Norotilde Araújo Greco, de 72, foram submetidas a sessões de quimioterapia na Santa Casa à base de Leucovorin – ácido folínico – e ácido solínico entre 24 e 28 de junho.
Após alguns dias, as três, em dias alternados, voltaram ao hospital com reações anormais ou exageradas aos medicamentos, segundo informou a direção da Santa Casa. Os quadros pioraram e as três faleceram, entre 10 e 12 de julho.
Investigação aponta falha em registro de procedimentos
As investigações que apuram a morte de três pacientes da quimioterapia na Santa Casa apontam que houve falha no registro de procedimentos feitos pelos pacientes. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (6), após a delegada responsável pelas investigações, Ana Claúdia Medina, ouvir o depoimento da farmacêutica Rita de Cássia Junqueira.
A farmacêutica prestou depoimento por cerca de 4 horas e saiu sem falar com a imprensa. Segundo Medina, as investigações já revelaram que houve falha nos registros de prontuários e do livro de manipulação de medicamentos. “Precisamos verificar o porquê dessas falhas, dessa lacuna e saber o que aconteceu”, comenta a delegada.
Conforme a delegada, a Rita de Cássia esclareceu que há um farmacêutico responsável por cada turno, sendo o dela, o vespertino. A farmacêutica possui 28 anos de profissão e 16 anos no setor do hospital. Ainda segundo a farmacêutica, as pacientes que morreram após as sessões de quimioterapia não foram medicadas no turno dela.
O depoimento esclareceu à polícia, detalhes sobre como era o funcionamento do setor, como era o manuseio desde a chegada do paciente ao setor até a medicação. No período da manhã, o responsável era outro farmacêutico, que está a cerca de um mês no setor.
Segundo a delegada uma enfermeira também foi responsável por administrar a medicação por certo tempo, quando não havia farmacêutico responsável pelo turno da manhã. A delegada diz ainda que neste ponto, há uma divergência entre o que é permitido pelo Conselho Regional de Enfermagem e pelo Conselho Regional de Farmácia.
Além do depoimento da farmacêutica, na última sexta-feira (1º), os médicos José Maria Ascenço e Henrique Guesser Ascenço prestaram depoimento por cerca de cinco horas. Os próximos a serem ouvidos, serão a enfermeira que também tinha autorização para manipular os medicamentos e o farmacêutico responsável pelo turno da manhã.
A princípio, a delegada afirma que ainda é cedo para dizer se houve falha no medicamento ou falha humana. “Ainda não há uma noção do que aconteceu. São muitos detalhes e é uma investigação criteriosa”, diz.
Além dos depoimentos já agendados, a Polícia Civil não descarta ouvir novamente quem já prestou depoimento para esclarecer novos questionamentos que possam surgir.
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