Chamadas que não se completam, mensagens que não chegam, sinal fraco, internet que não funciona e cobranças indevidas deixam quem usa telefonia móvel na mão em Campo Grande e no interior. Operadoras negam e agem como se estivesse tudo bem.

Quem usa a telefonia móvel em Campo Grande vive passando raiva. Problemas como ligações que nunca se completam, mensagens que não chegam e sinal de Internet que sempre falha tiram do sério quem depende dos celulares. Para piorar, as operadoras afirmam que mantêm os serviços nos padrões exigidos e agem como se nada estivesse acontecendo.

Segundo os órgãos de defesa do consumidor, as empresas que lucram milhões com os serviços de telefone celular lideram, ao lado de bancos e financeiras, a lista dos ‘vilões’ que pior tratam os clientes.

As reclamações sobre a precariedade no tratamento comercial com as empresas de telefonia são comuns em todo o país. Mas, em Mato Grosso do Sul, problemas técnicos básicos, como linhas que simplesmente não completam ligações, ou sinal de Internet que aparece mas não funciona, são o pior pesadelo para os usuários.

A situação levou à organização de uma Audiência Pública nesta terça-feira (3), que promete ‘lavar a roupa suja’ das telefônicas. A reportagem conversou com diversos usuários de Campo Grande e reuniu as principais reclamações contra as operadoras de telefone na Cidade Morena.

Internet 3G e sinal que “some”

Avaliada como inconstante e cara, a Internet 3G é motivo de irritação de muitos campo-grandenses. “Funcionam quando querem”, diz o tatuador Cícero Rodrigues. “As operadoras deixam quem usa a Internet no celular para trabalhar na mão”, critica Hélio Suguiura, 21.

São diversas as regiões da cidade em que a Internet 3G não funciona. Gabriela Marcelino estuda na Universidade Federal e mora na região, onde é preciso sorte para conseguir usar a Internet via celular. “Para quem mora por aqui é uma tristeza”, lamenta.

Gabriela também ressaltou que o sinal “some” na região onde mora. A revisora de textos Greice Maciel falou do mesmo problema. “Não só comigo, mas com vários amigos, o sinal falha muito. A ligação não completa, a mensagem não é enviada e, quando é, demora para chegar”.

Já o ator Marcos Gautto não consegue usar o celular quando vai ao Parque dos Poderes. “Nunca consegui, e não foram poucas as vezes que fui lá”, conta.

Ligações caindo e cobrança indevida

Ghéssica Rodrigues, de 24 anos, é professora e sofre com as ligações, que sempre caem. “Cai de repente. Ou você liga e cai direto na caixa de mensagem da pessoa, que estava com o celular ligado e nem tocou. O celular perde sua utilidade”, ressalta.

Usuário que não quis se identificar reclamou que quando as ligações caem quem paga pelo “delay” é o consumidor. “Deveriam devolver este recurso ao cliente, tinha que ter algo que garantisse isso”. Outra reivindicação feita por ele é pelo direito do cliente em saber o quanto já consumiu de seu plano.

A manicure, Gissley Nalu, de 38 anos, afirma que tarifas foram cobradas e debitadas em seu crédito sem seu conhecimento. “Não nos reembolsam e quando mais precisamos ficam fora do ar, não conseguimos completar a chamada”.

Atendimento lento e dificuldade de cancelamento

Dulcília Rodrigues, de 35 anos, que trabalha com administrativo, sofre com problemas nas ligações e teve dificuldade para resolvê-los. “Fui reclamar, demoraram mais de quatro dias para resolver, tive que trocar de chip duas vezes e pagar por tudo. Porque não nos dão nada, só dor de cabeça”.

A dificuldade em cancelar um plano é outro ponto que foi muito relatado. A pedagoga Sandy Locatelli tenta há mais de um ano cancelar seu plano pós-pago e não consegue, por conta do plano de fidelidade. “Neste meio tempo estou pagando fatura que não queria pagar todo mês”. Ela alega que tenta resolver a situação por telefone e nunca consegue.

Respostas

A reportagem entrou em contato com as principais operadoras de telefonia e apenas duas delas emitiram nota de resposta, genéricas, sobre os problemas apresentados. Confira abaixo, na íntegra.

Oi

“A Oi informa que, no Mato Grosso do Sul, a companhia ficou acima da média dos indicadores de velocidade média e velocidade instantânea, conforme o último relatório da Anatel, referente ao primeiro trimestre de 2014.

A companhia acrescenta que está priorizando investimentos em suas redes de telecomunicações, para melhoria da qualidade do serviço aos clientes em todo o país”.

Claro

“A Claro afirma que sua rede está funcionando normalmente em Campo Grande. A empresa realiza constantemente testes de qualidade de rede e, quando uma falha é detectada, as equipes responsáveis são imediatamente acionadas para solucionar o fato no menor prazo possível.

Para continuar garantindo o melhor serviço aos seus clientes, a companhia realiza constantemente investimentos na melhoria da qualidade percebida pelo cliente em Mato Grosso do Sul. O objetivo é ampliar a cobertura e atender o crescimento urbano do Estado”.