O governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que o projeto de interligação do sistema Cantareira à bacia do rio Paraíba do Sul trará resultados apenas em 2015. Pelos cálculos, seriam necessários 18 meses de obras até que a transposição de águas pudesse começar a ser feita. O governador paulista afirmou ainda que a medida não está sendo feita em caráter emergencial, para amenizar a crise de abastecimento que afeta a Grande São Paulo.

Para estancar a crise, o governo tem a esperança de recorrer ao uso do chamado volume morto do sistema Cantareira. Essa reserva requer o uso de bombas e tratamentos químicos para resgatar a água que se concentra abaixo do nível de captação, livrá-la de sedimentos e, após tratamentos químicos, distribuí-la aos consumidores.

“Essa medida de interligação não tem nada a ver com o problema de agora”, afirmou Alckmin. O governo afirma que a interligação aumentará a segurança dos dois sistemas, tanto de São Paulo quanto do Paraíba do Sul, próximo ao Rio de Janeiro, pois terá “mão dupla” – um vai emprestar água ao outro em situações extremas.

Alckmin negou que o projeto prejudicará o abastecimento do Vale do Paraíba e do Rio de Janeiro, pois só será usada água excedente. Alckmin tratou com a presidente Dilma Rousseff sobre o projeto porque ele depende de autorizações de agências federais de água e energia. A bacia do Paraíba do Sul atende a mais de um Estado e poderá haver impacto na geração de energia. O custo estimado para fazer a interligação entre as represas do Paraíba do Sul e do Cantareira totalizariam 16 quilômetros e custariam cerca de 500 milhões de reais.

O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), negou que tenha autorizado o governador de São Paulo a captar água da bacia do Paraíba do Sul para abastecer a população paulista. Segundo sua assessoria, Cabral recebeu um telefonema de Alckmin para conversar sobre a situação. Ao ouvir a proposta da captação de água, Cabral solicitou ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e ao secretário estadual do Ambiente, Índio da Costa, que se pronunciem a respeito, uma vez que se trata de demanda que exige análise técnica. Em nota, a Secretaria Estadual do Ambiente demonstrou preocupação com a proposta feita por Alckmin.

“Os estudos do Comitê da Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul, ainda em elaboração, apontam que a disponibilidade hídrica atual já apresenta problemas no período de estiagem”, diz a nota. “Mesmo que São Paulo construa reservatórios para aumentar a disponibilidade hídrica nas cabeceiras do rio Paraíba do Sul, a proposta de captação de água pode agravar esta situação. É fundamental um aprofundamento técnico sobre o verdadeiro impacto no território fluminense”, conclui o comunicado emitido pela Secretaria Estadual do Ambiente.