Na tarde desta quarta-feira (30) a diretoria da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), com o presidente Luiz Fausto Rodrigues (que assumiu a função este ano), juntamente com alguns coordenadores e quase todos os da unidade fizeram uma reunião a “portas fechadas” na sede da escola para decidir providencias e o futuro da unidade.

O objetivo principal foi o de “lavar roupa suja” com todos os voluntários, que exigem a saída imediata de uma diretora, do secretário financeiro e do desligamento total na instituição de um vereador de Três Lagoas que segundo as denuncias, além de estarem insatisfeitos, ficam diariamente na sede da APAE “dando ordens” que não lhes competem.

“Suspeitamos de superfaturamento na compra de materiais hospitalares, remédios, entre tantos outros produtos que necessitamos aqui para cuidar das nossas crianças e não nos permitem que tenhamos acesso aos documentos. Quando precisamos de algum tipo de material mais avançado para o suporte aos alunos, somos esquecidos e ficamos de lado”, desabafou uma das professoras entrevistadas.

Segundo ainda os denunciantes, quando os empenhos de pagamentos são requisitados por eles (voluntários) para que possam analisar os valores pagos nas compras não são atendidos gerando dúvidas dos pagamentos feitos aos comerciantes e terceiros demonstrando a falta de transparência.

O vereador e os membros da direção citados na suspeitas não participaram da reunião.

O secretário financeiro Marlan disse desconhecer quaisquer insatisfações dos colegas de trabalho e também da reunião realizada entre a cúpula da diretoria e as voluntárias que somaram mais de 50 pessoas, mas preferiu não se pronunciar sem ter conhecimento dos fatos.

Suspeitas iniciaram em 2012

As suspeitas dos funcionários e voluntários da APAE quanto às possíveis irregularidades foram iniciadas em 2012, após leilão com produtos importados culminando em uma denúncia ao Ministério Público Federal (MPF) sobre as vendas acertadas entre os próprios funcionários da APAE de Três Lagoas.

Na época, foram colocado à venda brinquedos, produtos eletrônicos, material de escritório, informática, partes e peças de veículos, vestuário, entre outros, durante o Bazar da Pechincha, em abril daquele ano.

Funcionários e diretores podiam escolher antecipadamente os melhores produtos e comprá-los com preços privilegiados abaixo do que seria oferecido evitando concorrer com os lances feitos através do leilão.

Após a confirmação das irregularidades anunciadas naquele ano, a APAE de Três Lagoas assinou em Julho de 2012 com o MPF um TAC (Termo de Ajuste e Conduta) que impõe em caso de descumprimento, a multa diária no valor de R$ 200,00 a ser revertida em favor da Fundação Abrigo Poço de Jacó ou à Associação Brasileira de Ajuda à Criança com Câncer (ABRACC), sem prejuízo do ajuizamento de Ação Civil Pública.

O presidente da APAE, Odemar José Leonardo aceitou os termos do TAC e assumiu o erro em entrevista: “Nós não somos profissionais em vendas de mercadorias, nós somos uma equipe que cuida de pessoas que são deficientes”.