Uma reintegração de posse em um hotel abandonando na Avenida São João, no centro de São Paulo, resultou em confronto entre ocupantes a Polícia Militar. A ordem judicial para que os moradores deixassem o prédio não teria sido obedecida pelos ocupantes e a PM entrou em ação por volta das 7 horas, usando bombas de gás lacrimogêneo para afastar um grupo de moradores.

De acordo com os ocupantes, foi feita uma promessa de que 40 caminhões auxiliariam na mudança da família e o número de veículos no local seria bem inferior.

Segundo o Frente de Luta por Moradia (FLM), cerca de 200 famílias viviam no local e o combinado era que os móveis seriam levados para um depósito. Os sem-teto ocupam o prédio há cerca de 6 meses.

De acordo com a PM, policiais ocupam os arredores do prédio para impedir novos tumultos. A SPTrans alterou o itinerário de pelo menos 30 linhas na manhã de hoje, que estão evitando passar pela região que fica nas proximidades de vários terminais da região central da capital paulista.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), a juíza Maria Fernanda Belli, da 25ª Vara Cível do Foro Central, determinou a reintegração de posse do prédio, a pedido da empresa proprietária do imóvel, a Aquarius Hotel Limitada. A Justiça requisitou o apoio da Polícia Militar na desocupação.

Por volta das 10h, um ônibus articulado foi incendiado em frente ao Teatro Municipal. O Corpo de Bombeiros foi acionado para o local para apagar as chamas, que atingiram a rede elétrica na altura da Praça Ramos de Azevedo.

Feridos e detidos

Às 11h, a Secretaria de Segurança Pública informou que pelo menos 70 pessoas haviam sido encaminhadas para a 3º DP, em Campos Elíseos, na região central. De acordo com a pasta, todos os detidos faziam parte da ocupação.

Segundo o comando da Polícia Militar no local, em entrevista à Globo News, dois policiais e uma gestante foram socorridos no início do confronto e encaminhados para hospitais da região.

Hotel abandonado
De acordo com a secretaria, a reintegração estava prevista para ocorrer no dia 11 de junho, porém, na ocasião, foi cancelada porque não foram disponibilizados pela empresa proprietária do imóvel os meios necessários para a desocupação (caminhões e carregadores para o transporte dos pertences dos moradores).

A reintegração foi reagendada para o dia 27 de agosto. Porém, no dia, foi novamente suspensa porque os oficiais de Justiça avaliaram que o número de caminhões e transportadores ainda não era suficiente. Uma das integrantes do movimento, Shirley Santana, de 35 anos, disse que estava no interior do prédio quando a polícia chegou e atirou bombas pela janela. “As pessoas resistem porque elas não têm para onde ir”, acrescentou.