A maioria dos brasileiros ainda se incomoda ao ver um beijo de um casal gay em locais públicos. De acordo com pesquisa divulgada nesta quinta-feira pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), 59,2% dos entrevistados se disseram incomodados ao verem dois homens ou duas mulheres se beijando na boca em público.

Segundo o estudo – uma nova edição do Sistema de Indicadores de Percepção Social sobre tolerância social à violência contra as mulheres -, metade dos brasileiros (50,1%) se mostra favorável a casais do mesmo sexo terem os mesmos direitos dos outros casais. Para 51,7%, no entanto, o casamento gay deve ser proibido.

Quando não se mencionam direitos ou casamento, mas somente a possibilidade de uma relação afetiva entre pessoas do mesmo sexo, a aceitação é menor: somente cerca de 41% dos entrevistados concordaram que “um casal de dois homens vive um amor tão bonito quanto entre um homem e uma mulher”.

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De acordo com os pesquisadores, “no sentido mais abstrato, no momento de concordar com a igualdade de direitos, uma parcela maior da população mostra-se mais tolerante, mas esses direitos não parecem incluir a demonstração de afeto em ambientes públicos”. Segundo os resultados do estudo, jovens apresentam tolerância maior à homossexualidade, e os idosos mostram-se mais intolerantes.

A religião também teve parcela significativa nas respostas. Os católicos só se mostraram intolerantes além da média no que toca à ideia de proibir o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Os evangélicos, por sua vez, se sobressaem como grupo mais intolerante à homossexualidade. Segundo os pesquisadores, a chance de esses fiéis tenderem a concordar total ou parcialmente com a proibição do casamento é 3,5 vezes maior do que a de não-católicos ou não-evangélicos, enquanto a dos católicos é 1,4 vez maior.

Já a chance de evangélicos serem neutros ou discordarem da possibilidade de o amor entre homossexuais ser belo é 2,2 vezes maior que a dos não-evangélicos, inclusive católicos. E a chance de se esse grupo se sentir incomodado com o beijo homossexual é 2,1 vezes maior.

A pesquisa ouviu 3.810 pessoas em todas as regiões do País. O estudo completo faz recorte regional, de gênero, de religião, além de idade, escolaridade e renda.