Eles realizaram o sonho de muitos: assistir a uma partida da Copa do Mundo de futebol. Uns planejaram desde cedo, outros deram sorte, foram de última hora, mas o sentimento é o mesmo: orgulho de ter acompanhado no estádio a Copa no Brasil. Confira abaixo.

Pacote cuiabano

Kauê Orsi, 25 anos, pecuarista assistiu a quatro jogos em Cuiabá com a namorada. Eles foram de carro e ficaram na casa de parente da namorada. “Íamos ficar em hotel, mas a diária mais barata era mil reais”. A irmã e o cunhado de Kauê perderam dois dos quatro jogos que haviam comprado por não terem condições de se hospedar na cidade.

Os quatro decidiram em outubro que iriam à Copa, foram escolhidos no primeiro sorteio e compraram todos os jogos da cidade-sede. Passaram doze dias em Cuiabá e acompanharam Chile (considerados os mais empolgados) e Austrália, Rússia e Bélgica (eleito por Kauê o pior jogo), Nigéria e Irã e Japão e Colômbia. “Foi proveitoso, deu pra festejar bastante”, conta.

Entretanto, o pecuarista listou problemas na capital mato-grossense. “Tirando o estádio e o aeroporto, as obras estavam inacabadas e o trânsito muito lento. No estádio faltou orientação na entrada e mais preparo dos voluntários. Mas não estragou a festa”, garante.

Chamou a atenção de Kauê os comerciantes revelarem que venderam abaixo do esperado. “Disseram que pelos jogos das seleções serem cada um em uma cidade, os turistas não tiveram tempo de ir ao comércio”.

Inveja do namorado

Namorados, os estudantes Maitê Faria, 21 anos e Bruno Goulart, 22, assistiram a Inglaterra e Uruguai em São Paulo. Foram de avião e ficaram em apartamento de amiga. Pagaram 180 reais no ingresso, os primeiros a serem liberados. A vontade surgiu depois de Bruno assistir ao jogo na Copa das Confederações. “Vi que não poderia perder a Copa”, afirma.

Maitê diz ter realizado um sonho. “Valeu muito. O jogo foi incrível, emocionante. Depois me arrependi de não ter ido a outro. A paixão de muitos que estavam ali me faz ter certeza que a essência do futebol é muito bonita”.

O arrependimento bateu ainda mais em Maitê porque Bruno está em Belo Horizonte para ver Brasil e Chile neste sábado (28). O estudante já sabia que ia querer ver outros jogos, tanto que tentou ingressos para a abertura e para a final, mas não conseguiu.

Hospedado em hostel que tem diária a cem reais, ele relata não ter visto problema grave. “As passagens estão com preço bom, já os hotéis superinflacionados. Mas as duas cidades se prepararam muito bem, tudo organizado e sem tumulto. Em São Paulo o metrô ajudou muito”.

De paraquedas

Até então, o jornalista Caio Possari, 25 anos, só ia ver a Copa pela televisão. Vendo os sorteios dos ingressos, começou a se arrepender. Para a sorte dele, um conhecido que mora fora do país tinha ingressos por R$ 450 para Alemanha e Portugal em Salvador. Chamou dois amigos que fazem programa de futebol no Youtube e foram.

A sorte não parou por aí. Após pesquisarem, acharam companhia aérea com promoções. “A passagem saiu por muito menos que o valor convencional para o Nordeste. O hotel também, por ser no centro, não ficou tão caro. Nós parcelamos para não pesar tanto”, revela.

Caio define como ímpar o clima da Copa. “É só festa mesmo. Tem aquela coisa de confraternização, de assistir ao jogo e contemplar o futebol. Não tem o sentimento e a tensão de assistir um clássico do seu time contra o rival, por exemplo,”, analisa.

Sobre as condições de Salvador, o jornalista disse sentir que o poder se mobilizou para maquiar o que conseguisse. “Falamos com estrangeiros e todos foram unânimes, dizendo que foram bem recebidos e um deles até disse que era seguro aqui. Nós sabemos como funciona”.

“Coisa de doido”

O educador físico Ronaldo Borges, de 34 anos, não quis perder a oportunidade. Foi sozinho e fez bate-volta Campo Grande/Cuiabá para assistir Chile e Austrália. Pagou R$ 270 no ingresso, comprado no site da Fifa.

Ronaldo chegou às 10 horas, buscou o ingresso, almoçou, tomou banho em um motel por R$ 50, foi para o estádio às 14 horas assistir ao jogo, que começou às 18 horas, e voltou de ônibus às 22 horas. “Foi coisa de doido, mas valeu muito. Minha geração não verá outra Copa no Brasil”.

O educador físico sempre vai a eventos esportivos. “Mas nunca tinha ido a um tão legal. A Copa é muito mais do que um jogo de futebol, é uma festa dos povos”, destaca.