Fazer uma homenagem ao dia do fotógrafo em sem conversar com Roberto Higa é o mesmo que não fazer. Há 45 anos na profissão, o mestre de muitos conta que fez outras atividades antes de se encontrar totalmente na fotografia, mas foi como poeta de imagens que ele viu e registrou a transformação de Campo Grande e Mato Grosso do Sul.

História viva da cidade Higa lembra com carinho das transformações e de tudo que registrou. A rua 14 de Julho é uma das imagens que mais saiu em suas fotografias. Desde o início, suas fotos revelam a transformação da pujante cidade que depois virou capital.

Lá em 1968, as fotografias ainda em preto e branco mostram um comércio efervescente para a época. Nos idos de 1970, foi ele também que registrou a inauguração da cidade universitária, dos primeiros trotes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e até hoje, quando se trata de solenidades o japonês de trança está lá. Mesmo que seja apenas para ter o registro.

Colecionador, ou melhor ajuntador, como ele mesmo diz, conta que outros fotógrafos também fizeram grandes registros como os seus, mas provavelmente não os tenha guardado. “A diferença minha é que eu guardei. Acho que isso faz parte de uma mania. Eu guardo pratos, talheres, minhas jaquetas. Gosto de juntar coisas. Sou um ajuntador de coisas velhas. Gosto de guardar as minhas coisas antigas. Crachás. Tudo. Até a mulher mantenho e guardo a mesma”, diz aos risos.

Novas tecnologias

Sobre o novo jeito de fotografar, a era digital, diz que todo mundo pode tirar foto, mas profissionalmente tudo continua do mesmo jeito. “Hoje se fotografa muito, então uma hora a pessoa acerta. Antes não tinha como fazer isso. Os filmes tinham 12, 24 ou 36 chapas. E cada chapa era um custo. Agora, com cartão se gasta como quiser. O que é bem diferente da nossa época. Mas, profissionalmente tem que saber”, explica.

“O que se faz hoje com o photoshop, a gente já fazia há 40, 50 anos com lápis. A tecnologia mudou, mas a técnica é a mesma”, complementa.

Dia a dia

Fotógrafo há 11 anos, Minamar Junior diz que foi escolhido pela fotografia. Para ele foi a profissão que o escolheu e não o contrário. “Fui me envolvendo de modo despretensioso e quando percebi estava trabalhando na área e ganhando dinheiro com isso. Como todo oficio, no caso específico do fotojornalismo há registros fotográficos que nos deixam tristes como tragédias e outras mazelas sociais. Porem, os bons acontecimentos, os bons registros, os bons personagens e as boas historias que a gente fotografa faz a profissão valer a pena”, completa.

Para Luiz Alberto, o desafio no fotojornalismo é a forma do olhar fotográfico. Motivo pelo qual nunca quis fazer fotografia comercial. Casamentos, aniversários nunca foi seu desejo, o fotojornalismo diário é a sua paixão. “Quando passo por uma banca de revista o que me chama a atenção é uma boa imagem e um bom título e é isso que me faz buscar o melhor na fotografia”, finaliza.

De pai para filhos

Valdenir Rezende, 47 anos, é outro nome que muitos conhecem na imprensa. Desde os anos 80 trabalhando em jornal impresso, o fotógrafo que começou como boy viu a paixão se despertar e crescer junto com a ascensão profissional.

Ele conta que foi trabalhar como boy e depois de alguns anos na empresa pediu para aprender fotografia, o encaminharam para o laboratório e ali aprendeu todo o processo de revelação, que antes era manual. Para ir para a rua e começar a fotografar o que revelava foi só mais uma questão de tempo.

A sua ânsia pela imagem foi captada pelos filhos, Álvaro e Bruno, 27 e 24 anos, respectivamente, hoje são colegas de do pai.

Valdenir diz que os meninos nunca demonstraram interesse pela fotografia, que a vontade de seguirem a mesma carreira que ele surgiu de outras situações. O que é verdade, mas, talvez, o que ele não havia percebido é que foi a sua paixão que os levou a essas situações.

Álvaro lembra que desde pequeno via o pai chegando e contando como eram as pautas e que isso despertou nele uma vontade enorme de ser como o pai. “Sentia uma coisa legal de saber o que acontecia. Sempre tive curiosidade de fazer o que ele fazia. Sempre via jornal, matéria sobre fotos. Via nele uma satisfação de trabalhar com fotojornalismo”, revela sem negar que acredita que a paixão está também no sangue.

O filho mais velho que é formado em jornalismo revela que fez a faculdade para ser repórter, mas em sua primeira aula de fotojornalismo já sabia seu destino.

Já Bruno que tem formação em educação física e também atua nesta área conta que é na fotografia que se sente completo. “Fiz educação física e trabalho em uma escola, mas o fotojornalismo é a minha grande paixão”, diz.

Para ele, a influência do pai também foi fundamental para determinação o caminho que escolheu.