Neta de um dos pioneiros de Campo Grande, Miska sonha com centro cultural para eternizar avô

Alguns dos prédios mais bonitos e mais antigos da cidade foram feitos em sua época. Para se ter uma ideia, o prédio dos Correios, do Hotel Americano, do Hotel Colombo, o relógio da 14, o Obelisco, são algumas das construções que levam o nome da família em seu alicerce. Era início do século 20, mesmo […]

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Alguns dos prédios mais bonitos e mais antigos da cidade foram feitos em sua época. Para se ter uma ideia, o prédio dos Correios, do Hotel Americano, do Hotel Colombo, o relógio da 14, o Obelisco, são algumas das construções que levam o nome da família em seu alicerce.

Era início do século 20, mesmo período em que se construía a Ferrovia NOB em Campo Grande. Naquele tempo, Manoel Secco Thomé viria a Mato Grosso do Sul, que nem se chamava assim, ‘resgatar’ um irmão que estava por essas bandas, mas ao chegar aqui acabou ficando e fundando a Thomé e Irmão Ltda.

De inicio conta Miska Thomé, artista plástica, o avô e os tios fundaram uma empresa que fazia os dormentes para a Ferrovia NOB de Campo Grande, que completa cem anos neste mês de maio. Depois fundaram a construtora que ajudou a erguer Campo Grande.

O prédio dos correios, do Hotel Americano, o canal da Maracaju, que hoje já não existe mais, a Vila São Thomé, o edifício São Thomé, o Colégio Dom Bosco, o Colégio das Irmãs, o relógio da 14, o Obelisco…São algumas das obras que a família Thomé construiu em Campo Grande.

Com orgulho, Miska conta que agora quer trabalhar para fazer um Centro Cultural para manter viva a história do avô, que está enterrado em Campo grande, no Cemitério Santo Antônio. Ela explica que além de um museu, onde haverá a história da família Thomé, ela quer fazer um teatro, um espaço com restaurante, tipo uma penha, com música ao vivo e tudo.

“Quero fazer com artes visuais, fazer um espaço legal, que tenha um trabalho social. Que a gente possa desenvolver um trabalho onde as pessoas possam ir, levar sua arte, sem a burocracia da coisa institucional”, diz.

O local já está escolhido: a casa que avô construiu na Rua14 de Julho. “Essa casa é belíssima. É uma casa art-deco”, relembra, apontando para a foto.

Fotos:Diogo Gonçalves

Sardinha na laje

Mas como muita coisa se perdeu, quando Miska diz ter começado a “atinar para isso” muitos álbuns e muitas histórias acabaram ficando apenas na memória. Uma de suas preferidas é a da laje do Hotel Colombo. “Meu avô falou que quando fizeram a laje do Hotel Colombo todo mundo duvidou. E ele falou que quando inaugurasse o hotel, ele e os peões iriam tomar uma cervejada e comer sardinha embaixo, enquanto os convidados estivessem no glamour da festa em cima. Colocaram galinho de oliveira na cumeeira e fizeram isso para comemorar”, revela.

E é exatamente para que essas e outras histórias se perpetuem que ela quer fazer o Centro Cultural. Miska lembra que esteve em Portugal o ano passado para conhecer a família que mora lá e sentiu o orgulho que eles tem do parente que tanto fez em terras estrangeiras. “Conheci a casa que ele [avô] nasceu, em Regaleria de Lavos, na Figueira da Foz. Então conheci sobrinhas, fui ao cemitério onde estão minhas tias, e os pais dele, onde o restante da família está enterrada. Tirei fotos. Fui resgatar isso. Eles são super orgulhosos”, conta, sobre o legado que o avô deixou no Brasil.

O projeto, admite, demanda bastante trabalho, já que é preciso constituí-lo legalmente. Miska revela que já está restaurando a casa aos poucos. Fez ligação de esgoto. Algumas coisas de hidráulica e o irmão havia feito a parte elétrica. Agora vai ver se é interessante fazer o tombamento da área externa da casa e quem sabe conseguir subsídios do Iphan (Instituto ndo patrimônio Histórico e Artístico Nacional)para fazer essa restauração e colocar o projeto em prática.

(Matéria editada em 28/05, às 16h11)

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