O náufrago salvadorenho José Salvador Alvarenga finalmente saiu nesta segunda-feira (10) das Ilhas Marshall em um avião com destino a Honolulu, no Havaí (EUA), na primeira etapa da viagem de retorno a seu país natal.

Antes de embarcar no avião da United Airlines, o pescador, que afirma ter sobrevivido 13 meses à deriva no oceano Pacífico, agradeceu ao presidente das Ilhas Marshall, Christopher Loeak, pelo apoio recebido desde que chegou, há 12 dias, a um atol do arquipélago.

“Agradeço ao povo das Ilhas Marshall por tudo o que fizeram por mim durante minha estadia”, disse, com a ajuda de um intérprete, o pescador de 37 anos.

Loeak presenteou o náufrago com um colar.

Alvarenga, que chegará ao Havaí na manhã de terça-feira (11), viajará em seguida a El Salvador para encontrar a família, que durante muito tempo o considerou morto. O trajeto do arquipélago americano até seu país natal provavelmente será feito pela costa oeste dos Estados Unidos.

O pescador estava recluso em um hotel nas Ilhas Marshall, protegido por seguranças. Ele já deveria ter voltado para casa, mas foi aconselhado por médicos a ficar mais tempo no país porque estava muito desidratado.

Alvarenga deixou o hospital por conta própria na sexta-feira (7). Fontes do hospital Majuro informaram que o náufrago estava incomodado com o bombardeio de ligações ao centro hospitalar e que, por isso, quis ir para um hotel.

Desde que foi para o hotel, Alvarenga quase não foi visto em público, já que ficou em um quarto com acesso restrito por ordem do governo.

“O Ministério dos Assuntos Exteriores nos deu instruções para dizer aos que o procurarem que, se quiserem falar com ele, devem solicitar ao ministério”, declarou a porta-voz do hotel, que confirmou ter recebido muitos telefonemas para o náufrago.

Nas raras vezes em que Alvarenga apareceu em público desde sexta-feira estava cercado por um grupo de voluntários, que ficaram em seu quarto e o ajudaram a cumprir seu desejo de não falar com a imprensa sobre sua odisseia no mar.

O comportamento de Alvarenga mudou muito desde que chegou às Ilhas Marshall, em 30 de janeiro, depois de percorrer 12.500 quilômetros, desde a costa mexicana.

Nos primeiros dias, o salvadorenho estava falante e sorridente. No entanto, desde a semana passada, Alvarenga ficou mais quieto e irritado.

Franklyn House, um médico americano aposentado que trabalha com o grupo missionário californiano Canvasback nas Marshall, conversou com o salvadorenho várias vezes desde sua chegada, embora não seja o médico que o atende.

House, que fala espanhol, declarou que acredita que Alvarenga sofra de estresse pós-traumático.

“Nos primeiros dias, estive no hospital, estava normal”, disse o médico à AFP. “Na quinta-feira, mostrou sinais de estresse pós-traumático”.

O náufrago, que disse ter saído para pescar tubarões na costa mexicana do Pacífico no fim de 2012, apareceu em 30 de janeiro nas Ilhas Marshall. Alvarenga relatou que para sobreviver foi obrigado a comer aves, peixes e tartarugas durante 13 meses.

O companheiro de viagem, Ezequiel Córdoba, de 23 anos, morreu quatro meses após o início da navegação, segundo Alvarenga.