Longe do topo, Alonso já não esconde mais a falta de confiança na Ferrari

A entrevista de Fernando Alonso neste sábado, no circuito de Hockenheim, depois de obter o sétimo tempo na sessão de classificação para o GP da Alemanha, nunca foi tão reveladora da sua total falta de confiança na Ferrari. Suas palavras sugerem que se puder trocar de equipe, se for possível, se houver uma opção tentadora, […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

A entrevista de Fernando Alonso neste sábado, no circuito de Hockenheim, depois de obter o sétimo tempo na sessão de classificação para o GP da Alemanha, nunca foi tão reveladora da sua total falta de confiança na Ferrari. Suas palavras sugerem que se puder trocar de equipe, se for possível, se houver uma opção tentadora, não vai hesitar em deixar os italianos.

“O nosso nível hoje é esse”, respondeu Alonso ao comentar o resultado. Seu companheiro, Kimi Raikkonen, como tem acontecido na sua volta a Ferrari, este ano, foi ainda pior, apenas o 12.º colocado. Alonso falou mais, sempre cáustico com o time: “Até novembro será assim, o carro será o mesmo. Não teremos grandes mudanças, vamos apenas acertar o carro aos circuitos”.

A afirmação confirma que o grupo agora liderado por Marco Mattiacci já se concentra de vez no projeto de 2015. Não mais vai incorporar grandes inovações no modelo F14T deste ano.

Ontem o diretor técnico da Ferrari, o inglês James Allison, ex-Lotus, falou sobre os planos para o ano que vem. De novo Alonso literalmente menosprezou a iniciativa: “Pilotei já para quatro times da F1 (Minardi, Renault, McLaren e Ferrari) e vi muitos projetos em julho, agosto, são todos sempre ótimos”.

E desenvolveu o raciocínio, sedimentando de vez a impressão de que se cansou de acreditar nas promessas da Ferrari. “Após 14 anos (no automobilismo, contanto o kart) vi tantas apresentações. Em agosto, todos são competitivos. Em novembro, ainda mais. Quando chega janeiro, então, super. Mas vem fevereiro (primeiros testes) e dois ou três, apenas, podem vencer.”

A previsão de Alonso é de que em 2015 haverá grande diferença de desempenho em relação a este ano. O carros atuais foram concebidos para o novo regulamento e a próxima temporada representará a segunda geração de projetos estudados para as novas regras.

Comenta-se, pode ser verdade, que Alonso teria a possibilidade de rever o seu contrato se a Ferrari não estiver entre os três primeiros entre os construtores. Há quem diga na metade da temporada enquanto outros dizem ser no fim do campeonato. O compromisso do espanhol com os italianos se estende até o fim de 2016.

Existe uma porta aberta na McLaren-Honda para Alonso. Ron Dennis, sócio da organização inglesa, sabe dos impedimentos do piloto. Mas, às vezes as coisas mudam na F1 inesperadamente. Trocar a Ferrari pela McLaren, contudo, não faria, hoje, muita diferença. A escuderia de Dennis é, como a dirigida por Mattiacci, apenas uma promessa para 2015. Mas nunca se sabe.

Em quatro anos e meio de Ferrari, Alonso obteve 11 vitórias, a última na Espanha em 2013, 4 poles, a última em Hockenheim, em 2012, e foi três vezes vice-campeão, em 2010, 2012 e 2013. Perdeu sempre para Sebastian Vettel, da Red Bull-Renault.

O GP da Alemanha foi abordado por Alonso. E de novo demonstrou grande pessimismo. “Na classificação a aderência dos pneus novos mascara nossas deficiências, na corrida, não. O consumo dos nossos pneus traseiros aqui é elevado. Não temos pressão aerodinâmica, as rodas traseiras patinam. E a temperatura elevada colabora ainda mais para degradar os pneus.”

A Pirelli distribuiu na Alemanha os seus pneus mais moles, macio e supermacio.

A sessão que definiu o grid foi disputada sob 33 graus, com o asfalto a 58. “A previsão para amanhã é outra. “Preveem chuva para a hora da corrida.” Apesar dos problemas todos sinalizados, Alonso acha que, de repente, pode disputar boa prova. “Na Áustria não tínhamos esperanças e fomos bem (terminou em quinto).”

Falando em termos práticos, disse: “Contra a Mercedes e a Williams não temos como lutar, mas Red Bull e McLaren são vencíveis”. Kevin Magnussen, da McLaren-Mercedes, larga em quarto, Daniel Ricciardo, quinto, e Sebastian Vettel, ambos da Red Bull-Renault, sexto.

“Lewis Hamilton (companheiro de Rosberg) rapidamente irá lutar lá na frente.” O inglês bateu o carro por causa da quebra do disco dianteiro direito do freio e larga em 15º.

A proibição do Fric, sistema hidráulico que ajudava a equilibrar o carro, não significou nenhuma mudança na Ferrari. “A diferença para o líder é a mesma (1 segundo e 109 milésimos para Nico Rosberg, Mercedes, o pole position). O comportamento do carro não mudou e até a forma de acertá-lo se manteve.”

A largada do GP da Alemanha, que além de Rosberg na pole tem o cada vez melhor Valtteri Bottas, em segundo, e Felipe Massa, ambos da Williams-Mercedes, terceiro, será às 14 horas, horário de Brasília. A prova terá 67 voltas no traçado de 17 curvas, 4.574 metros de extensão e várias possibilidades de ultrapassagem.

Conteúdos relacionados