Libéria confirma morte de médico que trabalhava no controle do ebola
Um renomado médico da Libéria morreu vítima de ebola, segundo informações divulgadas por autoridades do país neste domingo. Além disso, um médico americano foi infectado pelo vírus no país do Oeste Africano. Os dois casos acendem o alerta sobre o controle da doença, já que os profissionais que tentam combater a propagação do vírus mortal […]
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Um renomado médico da Libéria morreu vítima de ebola, segundo informações divulgadas por autoridades do país neste domingo. Além disso, um médico americano foi infectado pelo vírus no país do Oeste Africano. Os dois casos acendem o alerta sobre o controle da doença, já que os profissionais que tentam combater a propagação do vírus mortal também estão sendo afetados.
Samuel Brisbane é o primeiro médico da Libéria a morrer em meio ao surto da doença que, segundo a Organização Mundial de Saúde, já matou 129 pessoas no país, e mais de 670 em outras nações do Oeste Africano. Um médico da Uganda que trabalha no país morreu no início deste mês.
A OMS diz que o surto, o maior já registrado, já matou 319 pessoas também em Guiné e 224 em Serra Leoa. Até o último dia 23, o número total de casos nos três países era de 1.201.
Na Nigéria, funcionários do governo anunciaram, na sexta-feira, que um oficial da Libéria morreu de Ebola depois de voar de Monrovia para Lagos via Lome, em Togo. O caso ressaltou a dificuldade de prevenir que vítimas de Ebola façam viagens, devido aos fracos sistemas de rastreio da doença e ao fato de que os sintomas iniciais, como febre e dor de garganta, assemelham-se muitas outras doenças.
Os profissionais de saúde estão em sério risco de contrair a doença, que se espalha através do contato com fluidos corporais.
O médico Kent Brantly, um americano que ajuda a combater o surto na Libéria, está recebendo tratamento médico intensivo no país, depois de ter sido infectado pelo ebola, segundo uma porta-voz da organização humanitária norte-americana Samaritan’s Purse. Brantly estava em condição estável. Ele conversa com seus médicos e trabalha em seu computador, enquanto recebendo cuidados.
No início deste ano, Brantly foi citado em um artigo sobre os perigos que enfrentam os profissionais de saúde a tentar conter a doença.
“Em outros surtos de Ebola, muitas das vítimas eram os trabalhadores da saúde que contraíram a doença através de infectados durante o trabalho de cuidar de pessoas”, disse.
Um importante médico de Serra Leoa também foi infectado na semana passada, embora o chefe do departamento médico local, Brima Kargbo, tenha dito que, no domingo, ele estava “bastante estável e respondendo bem ao tratamento”.
O médico da Libéria, Brisbane, que serviu como conselheiro médico para o ex-presidente da Libéria, Charles Taylor, foi trabalhar como consultor na unidade de medicina interna do maior hospital do país, o John F. Kennedy Memorial Medical Center, em Monróvia. Depois de adoecer com Ebola, ele foi levado para um centro de tratamento, nos arredores da capital, onde morreu, disse o assistente do ministro da saúde Nyenswah Tolbert.
Sob a supervisão de profissionais de saúde, membros da família puderam velar acompanhar o sepultamento do corpo do médico na região oeste da cidade, disse Nyenswah.
Ele acrescentou que um outro médico que estava trabalhando na Libéria estava sendo tratado por Ebola no mesmo centro onde Brisbane morreu.
A situação “está ficando mais e mais assustadora”, disse Nyenswah.
A notícia da morte de Brisbane começou a circular no sábado, data marcada pelo feriado nacional em comemoração à independência da Libéria.
A presidente Ellen Johnson Sirleaf usou seu discurso do Dia da Independência para discutir uma nova força-tarefa para combater o Ebola. O ministro da Informação Lewis Brown disse que a força-tarefa iria “de comunidade em comunidade, de aldeia em aldeia, de cidade em cidade”, a fim de aumentar a conscientização.
Enquanto isso, o fato de que um liberiano infectado possa poderia ter feito um voo para a Nigéria levantou novos medos de que outros passageiros levem a doença para além de África.
Aeroportos internacionais da Nigéria fizeram o rastreio dos passageiros que chegam de outrs países, e as autoridades de saúde também estão trabalhando nos portos e fronteiras terrestres para aumentar a conscientização sobre a doença. O governo de Togo também disse que está em alerta máximo.
Analistas de segurança foram céticos sobre a utilidade dessas medidas, no entanto.
“No caso da Nigéria, as condições atuais de segurança são ruins. Então, duvido que isso vá ajudar ou ter a eficácia mínima que estão esperando”, disse Yan St. Pierre, CEO da empresa alemã de consultoria em segurança Mosecon.
Um surto em Lagos, uma populosa cidade onde muitos vivem em condições precárias, poderia ser um grande desastre de saúde pública.
O Ebola é altamente letal (90% das pessoas contaminadas morrem) e o vírus é muito contagioso. Acredita-se que o surto na África Ocidental tenha começado em janeiro, no sudeste da Guiné, embora os primeiros casos não tenham sido confirmados até março.
Desde então, profissionais tentam conter a doença, isolando as vítimas e educando populações sobre como evitar a transmissão. Trabalhadores tentam vencer todas as dificuldades para manter a doença sob controle.
Em Serra Leoa, onde foi registrado o maior número de novos infectados nos últimos dias, o primeiro caso com origem em Freetown, a capital do país veio à tona quando uma cabeleireira chamada Saudata Koroma adoeceu. Mas ela foi retirada à força de um hospital do governo por sua família, o que provocou uma busca frenética terminada na sexta-feira. O médico-chefe Kargbo disse no domingo que Koroma morreu na ambulância quando era transportada para um centro de tratamento, no leste do país.
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