No reencontro da torcida colorada com o técnico Jorge Fossati, o Internacional não precisou fazer muito esforço para derrotar o Peñarol por 2 a 0 na tarde de domingo, em amistoso comemorativo para marcar a reinauguração do Estádio Beira-Rio. Se dentro de campo o argentino Andrés D’Alessandro foi o nome do jogo, marcando os dois gols da vitória, fora das quatro linhas o assunto foi um só: a homenagem ao zagueiro Índio.
Aos 39 anos, dez deles vestindo a camisa colorada, Índio tem seu contrato com o Internacional encerrado na metade deste ano. Prestes a se aposentar, foi reverenciado por 50 mil torcedores ao entrar em campo aos 12 minutos do segundo tempo, substituindo o titular Paulão, e levou o público à loucura ao receber, das mãos de D’Alessandro, a braçadeira de capitão.
Ao fim do jogo, Índio caiu em prantos ao erguer a taça simbólica concedida à equipe vencedora do amistoso, e deu início, a muito custo, a uma volta olímpica com seus colegas de grupo. “Não tenho palavras para falar desse momento. Só tenho a agradecer a esse clube e a essa torcida maravilhosa”, disse o zagueiro, que trabalhou como cortador de cana antes de se tornar jogador profissional.
Visivelmente emocionado, Índio recebeu o abraço do técnico Abel Braga, que não poupou elogios ao seu comandado. “Esse é o maior ídolo colorado. É quem mais ganhou títulos aqui dentro. Ele merece tudo”, disse o treinador, que depois falou diretamente para o jogador: “esse carinho para você é mais que merecido”.
Apesar do ar de despedida que reinou nas homenagens a Índio, Abel Braga disse que ainda conta com o jogador, e manifestou desejo de que o zagueiro tenha seu contrato renovado. “Não tem nada de despedida. Ontem nós tivemos uma festa com grandes ídolos, Larry, Figueroa, Falcão, Fernandão… mas o maior de todos é o Índio. É uma homenagem justa a esse atleta fenomenal. Se depender de mim, ele fica pelo menos até o fim do ano”, disse o treinador.
Líder do vestiário colorado, D’Alessandro fez coro à manifestação do treinador. “Ele merece tudo isso e muito mais. Eu gostaria que ele ficasse até o final do ano, pelo menos. É uma pessoa muito positiva para o nosso grupo”, afirmou o argentino, que completou: “ele tem uma humildade muito grande. É sempre o primeiro a entrar e o último a sair do vestiário. Por tudo o que ele já viveu, ele merece todo o nosso carinho”.
Sobre a entrega da braçadeira de capitão, cena aplaudida de pé pelo estádio, D’Alessandro disse que não houve combinação prévia. “Foi um gesto espontâneo, não tinha pensado nisso. Quando ele entrou, pensei que ele merecia, por parte do grupo inteiro, esse reconhecimento”.