Há quinze dias com salários atrasados, funcionários da Mega Serv, empresa responsável pela limpeza de unidades de Saúde de Campo Grande, denunciaram estarem sendo coagidos pela firma.
De acordo com os 11 funcionários que atendem a sede da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), desde que ameaçaram paralisar os trabalhos, eles estão sendo advertidos pelo supervisor se não forem trabalhar serão demitidos.
Segundo os funcionários, os atrasos são frequentes e que nem o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo do Trabalho) foi depositado. “Desde que a empresa assumiu e todos nós fomos recontratados em outubro de 2013 é que eles não depositam o nosso FGTS e no nosso holerite vem descontada a Previdência”, reclama Luciana Ferreira.
Conforme Ivoneide Monteiro Leal, as colegas de trabalho estão sem alimento em casa e com aluguel e contas atrasadas pelo atraso no pagamento do salário. “Estamos tendo de pegar dinheiro emprestado com amigos para poder comprar comida para casa porque nosso salário não saiu”, afirma.
Ainda de acordo com os funcionários, o supervisor da Mega Serv, Gilberto Cabral, está ameaçando-os de demissão caso paralisem os trabalhos. “Ele vem aqui e diz que se não viermos trabalhar vamos ser mandados embora, isso é coação e é um direito nosso parar porque não estamos recebendo”, alega.
Outra reclamação dos funcionários é que Cabral tem colocado falta nas folhas de ponto, mesmo para aqueles que veem trabalhar. “Olha aqui meu cartão de ponto, ele me deu falta só porque cheguei atrasada”, ressalta Ivoneide.
Ainda segundo Ivoneide, as folhas de ponto foram todas rasgadas e foram refeitas com a marcação de faltas. “O supervisor rasgou o cartão de ponto de todo mundo e fez outro e agora quer obrigar que todos assinem do jeito que a empresa quer. Só o meu que não foi destruído porque eu levei para tirar cópia”, assegura.
Para a maioria dos funcionários o sentimento é de engano e desmotivação. “Estou me sentido enganada porque você trabalha e não recebe. Todos os meses somos enganados e trapaceados pela empresa, se precisarmos da Previdência não vamos conseguir”, indaga Vânia.
Segundo o presidente do Steac-MS (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio e Conservação), Wilson Gomes da Costa, o pagamento para a empresa está em dia, mas R$ 360 mil deixaram de ser depositados na conta da empresa em cumprimento a uma decisão da Justiça do Trabalho. Ele explicou que o depósito foi feito em uma conta judicial porque tinha dívidas trabalhistas.
O presidente disse que está orientando os trabalhadores a aguardarem até esta sexta-feira para que a empresa efetue o pagamento. “Estamos pedindo para que esperem até hoje e se não realizarem o depósito dos salários vamos entrar em greve na segunda-feira”, afirma.
Ainda de acordo com Costa, os funcionários das UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) já receberam, ou seja, metade dos 294 funcionários da Mega Serv. “Já pagaram o pessoal das UPAs, mas e a outra metade que falta está revoltado com essa atitude. Se a Justiça reteve o dinheiro o trabalhador não tem culpa e não pode ser penalizado”, ressalta.
A reportagem entrou em contato com a empresa Mega Serv e o supervisor Gilberto Cabral, mas não responderam as ligações.
Mega Serv
O então prefeito foi cassado por nove crimes relacionados à Mega Serv e a outras duas empresas: Salute e Jagás. Ele foi condenado por fabricação de situação de emergência na contratação de cada uma das empresas; omissão ou negligência na defesa de bens, rendas, direitos ou interesses do Município sujeitos à administração da Prefeitura; e por proceder de modo incompatível com a dignidade e o decoro do cargo.