Grupo anônimo ‘troca’ nome de ruas de Campo Grande que homenageiam ditadura
Placas com nomes de ruas que homenageiam personalidades ligadas aos governos do período ditatorial foram cobertas nesta segunda-feira (31) com adesivos falsos mudando os nomes das vias para lideranças de movimentos sociais sul-mato-grossenses. A ação, organizada anonimamente por um grupo que se articulou pelo Facebook, faz parte dos protestos ligados ao aniversario de 50 anos […]
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Placas com nomes de ruas que homenageiam personalidades ligadas aos governos do período ditatorial foram cobertas nesta segunda-feira (31) com adesivos falsos mudando os nomes das vias para lideranças de movimentos sociais sul-mato-grossenses.
A ação, organizada anonimamente por um grupo que se articulou pelo Facebook, faz parte dos protestos ligados ao aniversario de 50 anos do Golpe de 1964 no Brasil. A mudança definitiva vem sendo discutida há algum tempo na cidade, mas o projeto de lei que autoriza a troca não foi aprovado e divide a opinião da população.
Hoje, a troca simbólica dos nomes de ruas como Ernesto Geisel, Costa e Silva, Castello Branco, que reproduzem nomes de ditadores do regime militar, confundiu pedestres.
Para marcar o dia, um grupo, que não quer ser identificado, colou em cima das placas atuais nome de pessoas, que segundo eles, realmente deveriam receber a homenagem, como o caso de Marçal de Souza, líder dos índios guaranis, que na ação substituiu o nome da Avenida Ernesto Geisel.
O grupo explicou que a ação é uma intervenção contra a ditadura, que os nomes das ruas são de pessoas que apoiaram e colaboram com as torturas e mortes que ocorreram no período do regime. “A troca foi feita com nomes de quem lutou contra a ditadura e a favor da democracia”, afirmou um dos membros.
Mas parte da população, mesmo não apoiando a ditadura, não concorda com a ideia. O radialista e jornalista, Ângelo Veira, 83, conta que viveu o regime e diz acreditar que o período não foi positivo para o Brasil, em virtude da paralisação de mudanças sociais e políticas que a ditadura trouxe.
“Muita coisa ficou parada com a revolução democrática (expressão para a ditadura usada pelos militares) e até hoje é difícil tentar consertar”, admite. Ainda assim ele não acha que os nomes das ruas devam mudar, pois foram decididas através de voto popular, por isso devem ficar como estão.
Assim como Ângelo, o comerciante, Jerfeson Mendes, 20 anos, diz que mesmo não concordando com a ditadura e é contra a mudança. “ Existem outras coisas mais importantes para serem feitas na cidade. Apagar as placas é apagar um pedaço da história do Brasil”, explica Jerfeson.
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