A quarta-feira foi mais um dia de intensa pressão sobre as moedas emergentes, e o real não passou incólume, fechando na mínima em cinco meses ante o dólar e chegando a operar próximo dos menores níveis desde 2008. O movimento refletiu mais uma sessão em que as preocupações com os países emergentes deram o tom nos mercados, receio esse que não chegou a ser revertido com o aperto monetário na Turquia e na África do Sul.

Do lado doméstico, profissionais citaram saídas de recursos ao longo do dia, sobretudo do lado financeiro, mas do lado comercial a taxa de câmbio mais depreciada atraiu exportadores, o que ajudou a aliviar a alta do dólar perto do fim do pregão. No mercado futuro especificamente, a demanda por moeda estrangeira partiu principalmente de investidores locais, mas teve seu efeito amenizado pela realização de lucros de estrangeiros, que elevaram recentemente suas apostas contra o real a novas máximas recordes.

Ainda no mercado futuro, o dólar chegou a acelerar a alta levemente logo após o anúncio pelo Federal Reserve de que cortará mais US$ 10 bilhões do volume mensal de estímulos monetários, que cairá para US$ 65 bilhões. O movimento aqui acompanhou a intensificação das perdas do peso mexicano e do rand sul-africano e a reversão da lira turca, que abandonou a alta e passou a cair frente ao dólar.

No fechamento, o dólar comercial subiu 0,41%, para R$ 2,4370. É o maior nível de encerramento desde 21 de agosto de 2013, quando a cotação terminou em R$ 2,4510. Na máxima intradia, a taxa bateu R$ 2,4520, maior patamar desde 22 de agosto, quando alcançou R$ 2,4550. Essa, aliás, foi a data em que o Banco Central anunciou o programa de oferta diária de liquidez ao mercado cambial, devido à pressão exacerbada que o real vinha sofrendo à época, mais forte que a de seus pares emergentes. A máxima de agosto foi a maior desde 19 de dezembro de 2008, auge da crise financeira internacional, quando o dólar chegou a ser cotado em R$ 2,4710 durante os negócios.

Em meio à turbulência que voltou a abater os mercados, o Banco Central tornou a vender todos os 4 mil contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão nesta quarta-feira, em operação que funcionou como uma injeção de US$ 197,2 milhões no mercado futuro.