O dólar continuou a trajetória de queda nesta terça-feira, fechando em baixa na quinta sessão consecutivana e menor cotação desde o dia 17 de dezembro, ainda refletindo o menor pessimismo com o cenário doméstico após o governo sinalizar política fiscal mais consistente.

A moeda americana recuou 0,28%, a R$ 2,3410 na venda, após bater R$ 2,3295 na mínima do dia. Só nas últimas cinco sessões, o tombo foi de 2,36%. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,1 bilhão.

“Houve uma melhora bem acentuada no ânimo em relação ao Brasil nos últimos dias. Com isso, o dólar caiu bastante”, afirmou o operador da corretora B&T Marcos Trabbold. Os mercados financeiros brasileiros vêm sendo beneficiados por uma onda de alívio nas últimas sessões, após o anúncio da nova meta de superávit primário para 2014 ser encarado como algo mais crível pelos investidores.

Com isso, os investidores, sobretudo estrangeiros, começaram a desmontar posições cambiais compradas, trazendo o dólar abaixo do piso informal de R$ 2,35. Apesar das consistentes quedas, parte dos analistas ainda espera que a divisa norte-americana possa retomar o caminho de alta. “Eu ainda analiso isso como um respiro, não como uma tendência”, disse o gerente de operações do banco Confidence, Felipe Pellegrini.

A pressão baixista foi auxiliada também pela constante intervenção do Banco Central brasileiro no câmbio, que concluiu a rolagem integral dos swaps cambiais – equivalentes a venda futura de dólares – que vencem em 5 de março, vendendo a oferta total de 11,05 mil contratos nesta sessão. O próximo lote de swaps vence em 1º de abril e equivale a US$ 10,148 bilhões.

“O BC deve estar comemorando o sucesso da investida para a recuperação da confiança externa. Esse movimento ajuda na contenção inflacionária e pode, em momentos mais propícios trazer a cotação para R$ 2,30. Somente nesse patamar poderemos ver algum tipo de atuação diferente por parte do BC”, escreveram analistas da corretora Lerosa Investimentos em relatório.

Além disso, a autoridade monetária vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais tradicionais -equivalentes a venda futura de dólares -, todos com vencimento em 1º de dezembro deste ano, em operação com volume equivalente a US$ 197,4 milhões. O BC também ofertou contratos para 1º de agosto, mas não vendeu nenhum.

Na reta final do pregão, o dólar reduziu as perdas, com investidores aproveitaram as cotações baixas para comprar dólares, num pequeno movimento de ajuste. “Ninguém esperava que caísse tanto. Isso acaba atraindo mais comprador”, disse o operador da corretora Advanced Glauber Romano.

O pregão foi marcado ainda pela expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) elevará a Selic em 0,25 ponto percentual, a 10,75%, na quarta-feira, desacelerando o passo do atual ciclo de aperto monetário.