O dólar fechou em queda ante o real pela terceira sessão consecutiva nesta terça-feira, em linha com o exterior, com investidores mais tranquilos após declarações do presidente russo, Vladimir Putin, sugerirem menor chance de a crise na Crimeia se intensificar no curto prazo.

A moeda americana recuou 0,34%, a R$ 2,3420 na venda, acumulando baixa de 0,83% em três pregões. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1,1 bilhão. “A grande preocupação era que os acontecimentos na Crimeia pudessem ser o começo de um processo maior, mas o mercado está começando a acreditar que pode ser um impasse mais localizado”, disse o economista-sênior do Espírito Santo Investment Bank, Flavio Serrano.

Pela manhã, Putin afirmou não buscar outra divisão da Ucrânia, pouco após assinar tratado que torna a Crimeia parte da Rússia. O pronunciamento injetou mais uma dose de alívio nos mercados. A ausência de violência no fim de semana durante a realização do referendo que mostrou apoio à separação da região do sul da Ucrânia já havia tranquilizado um pouco os investidores na sessão anterior.

“Depois da fala do Putin, o mercado lá fora só melhorou”, resumiu o operador de um importante banco brasileiro. O dólar passou o dia estável ou registrando leves quedas contra moedas como o euro, o peso mexicano e o peso chileno. As bolsas de valores globais, por sua vez, tiveram um pregão amplamente positivo.

A constante atuação do Banco Central brasileiro no câmbio também ajudou a segurar as oscilações do dólar. Nesta sessão, vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais – equivalentes a venda futura de dólares – como parte das intervenções diárias. Foram 340 contratos para 1º de outubro e 3.660 para 1º de dezembro, com volume equivalente a US$ 198,0 milhões.

Além disso, também vendeu a oferta total de até 10 mil swaps em mais um leilão para rolar os vencimentos em 1º de abril. No total, o BC já rolou pouco menos de 34% do lote total do próximo mês, equivalente a US$ 10,148 bilhões de dólares.

Em audiência no Senado, o presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou que a valorização do dólar é fonte de inflação no curto prazo e que seus efeitos devem ser limitados pela condução adequada da política monetária. Além disso, ressaltou que a taxa de câmbio é flutuante e tem funcionado como linha de defesa contra choques externos.