O lateral da seleção do Uruguai Álvaro Pereira se levantou cambaleando após sofrer uma joelhada na cabeça durante a vitória do seu time por 2 x 1 contra a Inglaterra, mas sua “loucura” para continuar jogando conveceu o corpo técnico a deixá-lo voltar ao campo apesar das preocupações com sua saúde.

Pereira levou joelhada não intencional na cabeça do atacante inglês Raheem Sterling aos 15 minutos do segundo tempo e ficou estendido inconsciente sobre o gramado. Os médicos chegaram a fazer uma massagem cardíaca para tentar reanimá-lo.

Ao se levantar, ainda tonto, Pereira empurrou com raiva o médico da seleção uruguaia que pedia sua substituição e voltou à partida.

Mesmo que o técnico tenha permitido que continuasse a jogar os últimos 30 minutos de partida e ele tenha sido elogido pelos companheiros de equipe, Pereira depois assumiu que não foi uma decisão acertada.

“Foi um momento de loucura. Pedi desculpas ao médico, sei que seu trabalho é zelar pelos jogadores”, disse Pereira aos jornalistas após a vitória da “celeste” por 2 x 1 com dois gols marcados por Luis Suárez, na partida pelo Grupo D.

“Voltei para dentro (de campo) tonto e com o corpo aquecido, não se tem consciência (do que faz). Mas era um momento de ajudar, de conseguir o resultado. O resultado era o mais importante e foi alcançado.”

O incidente levantou dúvidas sobre se a equipe técnica do Uruguai avaliou bem a gravidade da lesão do jogador.

As lesões na cabeça têm sido alvo de atenção especial no esporte nos últimos anos, e muitos críticos foram rápidos em condenar a decisão de permitir que Pereira continuasse jogando.

“O incidente de hoje é o tipo de coisa que acontecia muito tempo atrás, lembra a barbárie”, disse à Reuters Taylor Twellman, ex-jogador dos Estados Unidos que sofreu cinco grandes contusões cerebrais em sua carreira e agora advoga por um maior controle do problema no futebol.

Twellman foi enérgico em seus comentários.

“Quando um jogador sofre uma pancada, não se sabe o que aconteceu, é muito perigoso confiar no que o jogador quer”, declarou Twellman.

“A síndrome do segundo impacto é ainda mais perigosa. Se volta a cair, pode morrer, isso é ciência. Brinca-se com fogo, brinca-se com a vida do outro”, afirmou.