Veículos das Nações Unidas foram atacados novamente neste domingo ao tentar levar ajuda humanitária a milhares de civis sitiados na cidade de Homs, na Síria.

No sábado, caminhões com suprimentos como água, comida e medicamentos foram alvejados quando saíam da cidade, deixando vários feridos. Governo sírio e rebeldes se acusaram mutuamente pela violência.

Relatos vindos dos dois lados confirmaram que tiros e morteiros foram lançados neste domingo após a entrada dos veículos da ONU em uma área de Homs controlada pelos rebeldes.

Segundo a mídia estatal da Síria, 65 civis foram evacuados dois dias após a primeira operação que retirou 80 pessoas da cidade, entre idosos, mulheres e crianças.

Mas fontes da oposição afirmam que um local onde várias pessoas estavam reunidas em preparação para a retirada neste domingo foi atacado e teria deixado vários mortos. Esta informação ainda não foi confirmada.

Decepção

A operação para ajudar cerca de três mil civis em Homs foi o único passo concreto alcançado durante as negociações de paz para a Síria em Genebra, há duas semanas. Uma nova rodada de conversas começa nesta segunda-feira.

A chefe de operações humanitárias da ONU, Valerie Amos, insistiu que a ONU e as agências de ajuda “não serão detidas” pelos recentes ataques.

Amos disse estar “profundamente decepcionada” com a quebra do cessar-fogo que havia sido acordado na semana passada para permitir a saída de civis e a entrada de mantimentos.

Os episódios de violência, segundo ela, são uma “dura constatação dos perigos que civis e agências humanitárias enfrentam todos os dias na Síria”.

A organização Vermelho Crescente, que trabalha em parceria coma ONU, afirmou em comunicado que, apesar das dificuldades, conseguiu entregar 250 pacotes com comida, 190 kits de higiene e medicamentos para doenças crônicas”.

Um vídeo promovido pelos rebeldes na internet e que não pôde ser verificado mostra os veículos da ONU sendo bombardeados e um homem ferido sendo carregado.

Ambos os lados se acusam mutamente pela violência, mas de acordo com o correspondente da BBC em Beirute, Jim Muir, a menos que as imagens tenham sido fabricadas, os carros da ONU parecem estar dentro de uma área controlada pelos rebeldes e os tiros que recebem vêm de fora.

Homs tem sido uma zona de batalha chave no levante contra o presidente Bashar Al-Assad.

No início de 2012, o Exército lançou uma série de ataques para tentar recuperar o controle de áreas importantes, causando a morte de milhares de pessoas e reduzindo bairros inteiros a escombros.

Muitos civis que deixaram a cidade na sexta-feira aparentavam fraqueza e contaram ter passado fome. Eles disseram que não há pão e que muitos estão comendo folhas e ervas daninhas para sobreviver.