Desde 2009, com a implantação de uma grande indústria de celulose-papel, e mais recentemente com o anúncio da construção de outra unidade e funcionamento até 2016, a região Sudeste de Mato Grosso do Sul tem se consolidado como referência no cultivo de Eucalipto. Trata-se não só de uma monocultura, mas da segmentação de uma produção agrícola primária com o objetivo de atender às grandes indústrias de celulose.

Os impactos, sejam positivos ou negativos, são referência para estudos acadêmicos que buscam evidenciar as implicações sociais, econômicas e ambientais do funcionamento de grandes empreendimentos na região. Como o caso da análise realizada pelo pesquisador André Valverde Fernandes, do Mestrado em Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de , que mostra, por exemplo, a redução da área de pasto dando lugar às plantações de Eucalipto.

De acordo com o professor Wallace de Oliveira, orientador da pesquisa, na análise multitemporal realizada nos anos de 1990, 2000 e 2011 pode-se observar uma grande transição do pasto para o cultivo de Eucalipto, que já ultrapassa os limites do município de Três Lagoas. Há plantação também em Selvilha, e ocorrência em outras áreas como em Inocência.

Tanto a implantação quanto a abertura de unidades de indústrias são estudadas e avaliadas com precisão como a logística, mão de obra qualificada e subsídios econômicos pelos grupos empresariais. Outros são até mais determinantes como o caso da disponibilidade de matérias-primas, que pode implicar no sucesso ou no fracasso do empreendimento.

A indústria de celulose-papel instalada em Três Lagoas, situada a 338 km de Campo Grande, chegou a ser abastecida com produção de madeira de outros Estados. A estratégia da empresa foi produzir a matéria-prima de maneira efetiva na própria região. Este foi um dos fatores para a necessidade de se adquirir grandes áreas rurais, que ocasionaram na diminuição da área de pasto e da produção de gado, justifica Fernandes.