O histórico de gravidez na família da dona de casa Fabíola Pinheiro da Silva, 26 anos, não é dos mais simples. Por isto, ela ficou atenta a cada momento de sua segunda gestação, que nesta quarta-feira (05), completa 37 semanas e 4 dias. Com atendimento feito inteiramente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ela acabou enfrentando durante a gravidez diversas internações e a tentativa de convencer o médico a autorizar a realização de um parto cesárea.

A situação se agravou com os últimos meses de gravidez em que a jovem foi diagnostica com pedras nos rins. “Senti muita cólica durante todo gestação, mas apenas na 20ª semana é que pediram o exame, que saiu apenas na semana passada”, afirma. Além disto, o bebê já está com quatro quilos, o que acaba pressionando seu pulmão e outros órgãos internos.

O diagnóstico no problema dos rins saiu com a agilidade em que faltou nos exames pedidos logo no início da gravidez. “Era para ter feito um Transvaginal, mas me ligarem só agora em dezembro. O exame tem que ser feito nos primeiros três meses de gestação”, afirma. No caso da Ultrassom Moforlógico, que faz a avaliação necessária para dar a principal datação da gestação, a médica não fazia atendimento no dia agendado.

Contradição

Apesar da ausência de alguns exames e as dificuldade de locomoção, a dona de casa seguiu com o pré-natal durante toda a gravidez.  No decorrer do processo, passou por nove internações. Nas vezes em que passou mal, teve que ser atendida em unidades de saúde 24h, onde os médicos diziam não entender o porquê de ela ainda não ter realizado uma cesariana.

“Em uma das vezes tive que tomar remédio na veia sentada em uma cadeira, mesmo o médico tendo recomendado que eu deitasse virada para o lado esquerdo para que o bebê não pressionasse ainda mais meu pulmão. No final, acabei dormindo e acordei com meu braço todo sangrando no local perfurado”, relata.

Cesariana, só pagando

Depois de ser orientada por médicos do plantão a pedir um parto cesariana para o médico que a acompanha no pré-natal, ela resolveu insistir. “Ele disse que cesariana era só pagando. Que pelo SUS era só parto normal”, afirma. Fabíola afirma ter ficado preocupada, pois soube de casos de conhecidas em que houve até morte por complicações enfrentadas durante a gravidez.

Em 2008, o Ministério da Saúde lançou campanha para estimular a realização de partos normais pelo SUS. Na época, a taxa média de cesarianas nos hospitais que atendem pelos serviços públicos e privados ficou em torno de 40%, apesar de a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) ser de 15%.

Para elevar os índices de partos naturais, o ministro José Padilha fixou resolução que estabelece meta de redução de 10% a cada unidade da rede pública. Fabíola afirma entender sobre os benefícios do parto normal, mas acredita que a situação não pode ser levada as últimas conseqüência, colocando mãe e bebê em risco.

A assessoria de imprensa da prefeitura não se pronunciou sobre os procedimentos utilizados para definir a necessidade deste tipo de parto até o fechamento da edição.