Uma parte da torcida do Santos voltou a cobrar a atual diretoria por esclarecimentos na negociação de Neymar para o Barcelona, em maio do último ano. Com uma faixa em um dos portões do estádio, poucas horas antes do início do clássico contra o Palmeiras, às 16h (de Brasília), na Vila Belmiro, os manifestantes expuseram rostos dos principais envolvidos na negociação e pediram por “transparência”.

“Cadê a transparência onde foi parar o dinheiro do Neymar”, diz a faixa de membros de um dos grupos oposicionistas. Além disso, um jornal foi distribuído com uma série de críticas a condução de caso. A publicação ainda questiona se o presidente em exercício, Odílio Rodrigues, não tinha conhecimento da negociação.

O caso segue ganhando desdobramentos. Há dez dias, o Santos emitiu novo esclarecimento sobre a transferência, negando dever documentos à Justiça da Espanha, conforme noticiado pelo jornal AS, e garantindo que já encaminhou há cerca de um mês todos os documentos exigidos na negociação: o contrato de transferência dos direitos federativos, a carta de compromisso entre os clubes e o TMS da Fifa (ferramenta online de controle de transferências de atletas da entidade).

A publicação espanhola citou que o juiz da Corte Nacional, Pablo Ruiz, questionou o clube brasileiro sobre “uma suposta carta do ex-presidente Sandro Rosell” a Odílio Rodrigues, presidente santista, em julho de 2013, explicando alguns detalhes da negociação, além da cópia do contrato com o clube alvinegro.

O Santos disse que “atendeu em sua plenitude tudo o que lhe foi solicitado pela Justiça Brasileira ou Espanhola no caso NN e Barcelona” e completou: “caso a Justiça espanhola necessitar de mais algum documento, o Clube está à inteira disposição para atender essa solicitação e se compromete a fazê-lo com a máxima brevidade”.

Na Espanha, o Ministério Público investiga uma denúncia de um sócio do clube, Jordi Cases, que entrou com uma ação alegando que os valores da negociação superavam os 57 milhões de euros (cerca de R$ 188,9 milhões) anunciados oficialmente.

A Justiça abriu uma ação judicial contra o então presidente do Barcelona, Sandro Rosell, que renunciou ao cargo devido às investigações. O jornal espanhol El Mundo divulgou que o valor total chegaria a 95 milhões de euros (R$ 314,8 milhões), o que foi negado pelos catalães.

O clube, recentemente, apresentou aos conselheiros uma espécie de dossiê que desmente o pai de Neymar, Neymar da Silva Santos, e o presidente licenciado Luis Álvaro RIbeiro, das versões sobre a venda do jogador. O material foi divulgado para amenizar a pressão em torno da negociação, investigada desde o início de janeiro.

O encontro foi iniciado com um vídeo com a compilação de reportagens no Brasil e na Espanha com declarações de Neymar pai negando qualquer possível recebimento de 10 milhões de euros de adiantamento do Barcelona ainda em 2011.

Em um dos vídeos, o representante chega a dizer que seria interessante receber a quantia, mas enfatiza não haver qualquer acordo. A sequência do material mostrou o pai do jogador confirmando o adiantamento, em revelação feita em pronunciamento para imprensa selecionada por seu estafe na sede da NR Sports, no último mês.

O Santos garante ter recebido apenas 17,1 milhões de euros (R$ 54 milhões à época) pelo atleta. Do montante, só teve direito a 55%, 9,4 milhões de euros (R$ 29,7 milhões), já que o Grupo DIS recebeu 40% da transação, enquanto a Teisa, grupo formado por conselheiros influentes do clube, 5%. O clube ainda acertou por 8 milhões de euros (R$ 24 milhões) a preferência aos catalães na compra de três promessas das categorias de base, além dos amistosos acordados.