Na semana anterior à votação do primeiro turno das eleições, o mercado financeiro reviveu momentos de tensão semelhantes aos de 12 anos atrás, quando dominava a especulação de como seria o mandato do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na expectativa sobre qual rumo as urnas darão amanhã à corrida presidencial, a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) e o dólar oscilaram freneticamente, retomando índices apurados no estouro da crise econômica global, em 2008.

O dólar bateu ontem a marca dos R$ 2,50 — maior cotação em seis anos —, mas não resistiu. Após um pregão de intensa volatilidade, a moeda norte-americana voltou a R$ 2,46 e fechou o dia em queda de 1,2%, sem intervenções extras do Banco Central (BC), que deu continuidade à oferta diária de leilão de swaps cambiais. Na semana dominada pelo ambiente eleitoral, o dólar acumulou alta de 1,90%.

Ao atingir a máxima, o mercado cambial respondia às notícias divulgadas pela manhã de que o mercado de trabalho dos Estados Unidos se recuperou em setembro. A interpretação de que os recentes indicadores sinalizam com mais clareza que a economia norte-americana está se recuperando provocou uma fuga expressiva de dólares, desvalorizando rapidamente o real. A divisa, porém, oscilou e voltou a níveis próximos à estabilidade.

Pesou para o mercado, no entender de analistas, o resultado de pesquisas indicando a chance de o presidenciável Aécio Neves (PSDB) avançar para o segundo turno, além do que os investidores entenderam como “boa atuação” do tucano no último debate na televisão. O candidato é encarado, desde o início da campanha, como o mais pró-mercado entre os concorrentes. Foi esse o contraponto que levou o real a se firmar ontem como a moeda de melhor desempenho frente ao dólar.