O dólar subiu nesta segunda-feira, voltando ao patamar de R$ 2,40, em movimento de ajuste após quatro sessões consecutivas de queda e com alta mais acentuada do que a vista em relação a outras moedas de países emergentes. O dólar subiu 1,12%, a R$ 2,4060 na venda, após acumular perda de 2,37% nos últimos quatro pregões. Na máxima do dia, a divisa chegou a R$ 2,4080.

O giro financeiro do pregão foi baixo devido à agenda esvaziada de indicadores econômicos, ajudando a acentuar as oscilações do dólar. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 525 milhões de dólares, bem abaixo da média diária de janeiro de US$ 1,5 bilhão.

“O mercado retomou a posição compradora de dólares após as quedas da semana passada, com correção”, afirmou o superintendente de câmbio da Intercam, Jaime Ferreira. A alta do dólar no mercado doméstico foi mais acentuada do que nos mercados internacionais, como o peso chileno e o rand sul-africano, que têm sido fortemente pressionadas nas últimas semanas em meio à onda global de aversão ao risco.

“O real tende a se depreciar, acompanhando o movimento externo”, escreveram analistas do Bradesco em relatório. Investidores também evitaram fazer grandes apostas antes do discurso de chair do Federal Reserve, banco central norte-americano, Janet Yellen, no Congresso norte-americano na terça e quarta-feira.

“É o primeiro discurso que ela vai fazer, num cenário de expectativas de terceira rodada de retirada dos estímulos”, afirmou o gerente de análise da XP Investimentos, Caio Sasaki, referindo-se ao atual processo de redução do programa de compra de títulos do Fed, que tende a diminuir ainda mais a oferta global de liquidez.

A queda recente da divisa norte-americana levou-a abaixo de R$ 2,40, que vinha sendo identificado por analistas como importante piso de resistência. A interpretação é que esse patamar não é inflacionário e, ao mesmo tempo, não prejudica a indústria.

Segundo analistas, o viés para o dólar continua sendo de alta no médio prazo, mas há muita volatilidade no caminho. Dessa forma, alguns especialistas já afirmam que a moeda dos EUA deve oscilar no curto prazo entre os níveis de R$ 2,35 e R$ 2,45. “A gente já viu o dólar assentando abaixo de R$ 2,40. Acredito que agora ele deve oscilar até R$ 2,35, na ponta baixa”, afirmou o operador de uma corretora nacional.

A apreciação do dólar veio mesmo com a constante atuação do Banco Central brasileiro. Nesta manhã, deu continuidade às intervenções diárias vendendo a oferta total de até 4 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes a venda futura de dólares, todos com vencimento em 1º de dezembro deste ano, com volume financeiro equivalente a US$ 197 milhões. O BC ofertou também swaps para 1º de agosto, mas não vendeu nenhum.

Para terça-feira, fará intervenção igual: até 4 mil papéis com os mesmos vencimentos, sendo o que o leilão será realizado entre 9h30 e 9h40. Além disso, vendeu a oferta total de até 10,5 mil swaps na terceira etapa de rolagem dos contratos que vencem em 5 de março. Com isso, a autoridade monetária já rolou cerca de 21% do lote total, equivalente a US$ 7,378 bilhões. O BC anunciou ainda, também após o fechamento dos mercados, para o dia seguinte a realização do quarto leilão de swaps para rolagem, com a oferta de até 10,5 mil contratos.