O vereador Paulo Siufi (PMDB), primo do ex-prefeito (PMDB), e ex-presidente da Câmara de , discordou do posicionamento do governador André Puccinelli (PMDB), que atribuiu aos gestores de saúde passados, Luiz Henrique Mandetta (primo de Nelsinho) e (cunhado de Nelsinho), a responsabilidade sobre os problemas na Saúde em Campo Grande.

“O governador tem o direito de dizer o que quer. Até papagaio fala. Eu, dentro da administração do Leandro Mazina, que eu tive um relacionamento muito próximo, sempre verifiquei boa intenção de estar acertando no município de Campo Grande”, assegurou.

Questionado se coloca a mão no fogo pela saúde na gestão de Nelsinho, Siufi tratou de tirar o time de campo. “Não coloco a minha mão no fogo por ninguém. Eu coloco a mão na minha consciência. Sempre trabalhei em prol da cidade e vou continuar trabalhando”.

O vereador, que também é médico, foi questionado sobre a decisão tardia de visitar postos e conhecer a realidade da saúde em Campo Grande, o que não era feito na gestão do primo dele. Todavia, preferiu jogar o questionamento para o prefeito Alcides Bernal (PP).

“Tem que perguntar por que o prefeito Alcides Bernal quando era vereador nunca solicitou esta CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito)”. A reportagem insistiu na pergunta: Na legislatura que o senhor era presidente, não houve esta necessidade? “Se eles não solicitaram, provavelmente é porque não houve esta necessidade”, assegurou, ressaltando que apesar de não abrir CPI, sempre relatou que a saúde andava mal.

Siufi informou que após duas visitas a postos de saúde em Campo Grande, não encontrou problemas que justifiquem a abertura de uma CPI. “Ainda não tem motivo para CPI da Saúde. São coisas técnicas. Sobre o aparelho de raio-x já está tomando providências. Quanto a falta de farmacêutico já estão providenciando a ida para o posto. É isso que a gente quer: que as coisas sejam resolvidas harmonicamente”, concluiu.

O vereador Paulo Siufi foi um dos que votaram contra a abertura de uma CPI para apurar irregularidades no Hospital do Câncer e Hospital Universitário. A CPI foi proposta pela vereadora Luiza Ribeiro (PPS), mas só teve a adesão de nove vereadores: Zeca do PT, Ayrton do PT, Rose Modesto, Gilmar da Cruz, Cazuza, Chocolate, João Rocha, Alex do PT e Luiza.

O Caso

Após a operação Sangue Frio, da Polícia Federal, que apontou desvio de milhões de reais em hospitais de Mato Grosso do Sul, o governador André Puccinelli se recusou a demitir a secretária de Saúde, Beatriz Dobashi, e responsabilizou os ex-secretários do ex-prefeito Nelsinho Trad (PMDB), Luiz Henrique Mandetta e Leandro Mazina, pelo caos na saúde.

Na avaliação de Puccinelli, o ex-secretário de Saúde, Leandro Mazina, tirou o corpo fora quando disse que Dobashi era responsável pelas decisões tomadas pela CIB (Comissão Intergestora Bipartite), que conta com a participação da secretária estadual, secretário municipal e representantes de hospitais.

Partiu da CIB a determinação para que o Hospital Regional abandonasse de vez o atendimento de radioterapia, deixando o serviço centralizado no Hospital Universitário (HU) e Hospital do Câncer (HC), com direção de Adalberto Siufi, apontado pelo MPF (Ministério Público Federal) como mentor do esquema de desvio de verba. No mesmo ano, no entanto, o HU também paralisou o serviço e toda a radioterapia em Mato Grosso do Sul acabou indo para o HC, que terceirizava os tratamentos, privatizando o serviço com a contratação da Neorad, empresa de Adalberto.

Em 2012, o Ministério da Saúde anunciou investimento de R$ 505 milhões para 80 unidades da rede oncológica no País. Na ocasião, uma decisão da CIB destinou um dos aparelhos de radiotarapia para o Hospital do Câncer, principal alvo da operação Sangue Frio.

Em março deste ano, a Polícia Federal apontou formação de quadrilha para desviar verba pública dos Hospitais do Câncer e Universitário. A investigação também revelou o superfaturamento de 70% dos serviços em comparação à tabela do SUS (Sistema Único de Saúde) no hospital por meio da Neorad, que terceirizada tratamentos de oncologia do Hospital do Câncer.