O Centro de Comunicações e Guerra Eletrônica do Exército (Ccomgex) apresentou nesta terça-feira o primeiro simulador brasileiro de operações cibernéticas (Simoc). O software será utilizado para treinamento dos militares responsáveis pela proteção do ambiente virtual do Brasil.
O país tem sido cada vez mais alvo de ataques virtuais. De acordo com estatística do Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil (Cert.br), o total de ocorrências aumentou 16,5%, para 466 mil, em 2012. Entre essas ocorrências estão invasões de sites e fraudes. Em 2011 vários sites do Executivo e do Legislativo federal foram retirados do ar por hackers.
Entre as ameaças digitais que o país sofre também estão as de ativistas virtuais e a guerra cibernética. Como exemplo, o diretor de negócios da Decatron, Bruno Melo, citou o ataque às centrífugas de urânio no Irã, ocorrido em 2010, que danificou o equipamento sem que os técnicos que controlavam os reatores percebessem o que acontecia.
O software apresentado nesta terça-feira pelo Exército foi desenvolvido pela Decatron, empresa brasileira de tecnologia da informação, ao custo de R$ 5 milhões, e terá uso tanto militar quanto civil, segundo a empresa. “Atualmente os crimes cibernéticos movimentam mais dinheiro do que o tráfico internacional de drogas”, disse o diretor de negócios da Decatron, Bruno Melo.
A Decatron levou um ano para a produção do programa e contratou 30 especialistas em Tecnologias da Informação (TI), de várias universidades e institutos de pesquisa. Mesmo assim, o Exército já deverá definir até março nova licitação para modernizar o software.
Segundo o general Santos Guerra, comandante do Ccomgex, foram analisados produtos semelhantes da França, Itália e Israel para desenvolver o similar nacional.
O software será utilizado na capacitação de servidores militares e civis no Exército e no Ccomgex. Além disso, estará “disponível para uso de outros órgãos, como universidades, mas com certas exigências, porque é necessário analisar o perfil do servidor que será treinado”, explicou o general.
Santos Guerra acredita que o simulador dará mais qualidade aos cursos de capacitação, que já acontecem no local desde 2010, por onde passaram cerca de 300 militares das Forças Armadas, além de funcionários públicos civis.