Edna Nascimento da Silva, 35 anos, foi morta no dia 10 deste mês, por seu companheiro, Josemal Gomes Fernandes, 53 anos. A família está muito abalada e pede por justiça.

Apesar de ter perdido, praticamente, no mesmo dia o pai e o marido, Jandira da Silva do Nascimento, de 61 anos, revela que o sofrimento de perder uma filha é imensurável. Ela contou que, há vários anos, seu pai faleceu por motivo de doença “velhice”, mas quando o marido foi ao velório do sogro em Douradina, foi atropelado e morreu.

“Já sofri tanto nessa vida. Perdi o pai e o marido quase no mesmo dia. Mas não tem remédio que cure a dor de perder uma filha. Ela era minha amiguinha, tão trabalhadeira, carinhosa, companheira”, desabafa a mãe de Edna Nascimento da Silva, de 35 anos, que foi assassinada no dia 10, deste mês.

Fazendo uso de poucas palavras, ela tenta contar o que aconteceu, com a ajuda das outras filhas. Mas a revolta é maior, no momento, ela apenas quer rasgar as fotos do casal para tentar esquecer o dia da morte da própria filha. “Só Deus para dar força para minha mãe. A gente está sofrendo, mas imagina a mãe, que viu ela morrendo”, conta a irmã da vítima, Eliane da Silva Nascimento, 42 anos.

O caminhoneiro Josemal Gomes Fernandes, 53 anos, é acusado de ter assassinado sua ex-mulher e atirado contra o ex-cunhado na casa que fica na rua Capão Redondo, na Chácara das Mansões, em Campo Grande. O crime ocorreu após quatro dias de separação do casal.

O sogro da própria irmã da vítima, José Benedito da Silva, de 63 anos, é quem teria emprestado a arma utilizada no delito. No dia, o irmão da vítima, Elson Gonçalves da Silva, 38 anos, levou um tiro de raspão na barriga, mas agora passa bem.

“Não deu tempo de salvá-la. Minha mão estava cheia de sangue. É muito triste”, contou a mãe.

Motivação

A família contou que a motivação do crime é porque Edna se casou nova, com 14 anos e, após 21 anos de relacionamento, ela não amava mais o companheiro e queria se separar, porque ele era arrogante e criticava muito seus familiares.

Segundo as irmãs, o que culminou na discussão entre o casal foi o fato da filha mais velha, de 14 anos, estar namorando com o consentimento da mãe. O pai não teria aceitado isso, pois achava ela muito nova.

“O pivô da história foi quando um pintor contou que a mãe também teve um caso com o namorado da filha. Mas é tudo mentira, ele a matou porque não aceitava a separação e usou isso de desculpa. Está querendo manchar a imagem dela, mas nós não vamos deixar”, contou em prantos a irmã da vítima, Honória da Silva Nascimento, de 43 anos.

Inclusive, Honória disse que pedirá a guarda das três filhas do casal. No momento, a mais velha está sob seus cuidados, mas as outras menores estão com o pai.

Justiça

“A gente quer justiça. Ele destruiu nossa família, tudo. O pior é que ele premeditou o crime, matou ela na frente da minha mãe. Ele pegou a arma, matou e fugiu. Por isso tem que pagar pelo que fez, de tirar o direito de vida da minha irmã, dela criar suas filhas que tanto amava”, conta Honória.

O sentimento da família está mesclado entre dor e revolta. “Cadê a justiça daqui da terra, meu Deus? O que mais dói é saber que ele matou ela e está livre por aí aproveitando de tudo o que ela ajudou a construir. Essa lei Maria da Penha nem adianta, não vale nada”, desabafa a mãe.

Ao ser questionado sobre possível arrependimento ou reais motivos para cometer o assassinato, o autor foi ríspido com a equipe de reportagem do Midiamax. “Minha versão vou dizer apenas para a delegada”, disse.

De acordo com a delegada titular da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), Rosely Molina, José Benedito foi interrogado e liberado ao dizer que emprestou a arma porque Josemal teria dito que iria caçar.

A delegada contou que Josemal já se apresentou junto com o advogado nesta semana, também foi interrogado e liberado. “Ele fugiu do flagrante, mas já foi pedida a prisão preventiva do acusado. No momento, estamos aguardando a manifestação do Judiciário”, explicou a delegada.