O técnico Muricy Ramalho deu as primeiras oportunidades a Rogério Ceni ao lado de Telê Santana, nos anos 90, foi quem incentivou e permitiu que o goleiro cobrasse faltas, anos mais tarde, e recentemente foi o primeiro a lançar campanha pública para que o capitão desista da aposentadoria no fim deste ano e jogue por mais uma temporada. Agora, em situação positiva e longe do risco de rebaixamento, o treinador diz que Rogério Ceni está mais alegre e agrega esperanças para 2014.

“Ele não se entusiasma com esses altos e baixos, ele é muito inteligente para saber o que vai fazer. Com certeza, em termos de saúde, família, seria mais tranquilo que ele parasse. Mas estou vendo ele feliz, diferente depois desses jogos aí, e isso é bom sinal”, falou Muricy Ramalho, em entrevista coletiva no CT da Barra Funda, nesta sexta-feira.

Aos 40 anos, Rogério Ceni viveu péssimos e ótimos momentos em 2013, assim como o São Paulo. Sofreu lesão no pé direito ainda em março, que o faz sentir dores até hoje. Viu o time cair na Libertadores, no Paulistão e passar pela maior crise de sua história, no Brasileirão. Depois, teve atritos públicos com o ex-técnico Ney Franco, com o ex-diretor de futebol Adalberto Baptista, e na sequência perdeu quatro pênaltis consecutivos – marco inédito na carreira.

Nos últimos meses, porém, tudo mudou para Ceni e para o São Paulo. O goleiro tem atuado em alto nível debaixo das traves e teve uma das melhores atuações de sua carreira na semana passada, na vitória por 4 a 3 sobre a Universidad Católica, no Chile. Ele fez pelo menos cinco defesas de grande dificuldade e foi o responsável pela classificação são-paulina às quartas de final da Copa Sul-Americana. Depois, foi parabenizado pelos adversários e ganhou destaque na imprensa internacional.

Muricy ainda falou que se surpreende com o fato de, aos 40 anos, Ceni estar atuando ainda em alto nível.

“Não é fácil fazer o que ele faz durante muitos anos, goleiro é a posição mais chata. É o que mais treina e é um treinamento muito chato. É um jogador que fica sozinho, se veste diferente. E passar todos esses anos concentrando, viajando. Não é fácil, não sei como o cara suporta esse ritmo que ele tem tantos anos, e no nível que ele joga”, falou o técnico.

O presidente Juvenal Juvêncio afirma que tem conversado com Ceni sobre o assunto e que o goleiro pediu para que a situação seja tratada apenas após o fim desta temporada. Segundo o presidente, no entanto, Ceni já repensa a decisão de parar no fim deste ano. O goleiro nunca falou abertamente que se aposentadoria no fim deste ano, mas sempre indicou que essa seria a decisão e fez todos no clube pensarem, até a recuperação no Brasileirão, que esta seria mesmo sua última temporada.

Além de Muricy, Rogério também tem o apoio do pai, Eurydes Ceni, para continuar. Recentemente o pai do atleta falou que gostaria de ver o filho jogando por mais uma temporada.