José Augusto Pinho Dutra, de 31 anos, morreu oito dias após sofrer um acidente em novembro do ano passado e ficar com um pequeno furo na perna.

A dor da morte de alguém próximo tornou-se mais difícil de aceitar para quem perdeu o marido e não recebeu explicação de ninguém para o que aconteceu. É o caso de Ana Paula Araújo Oliveira Dutra, de 30 anos. Ela perdeu o marido, José Augusto Pinho Dutra, de 31 anos, oito dias após ele sofrer um acidente em novembro do ano passado e ficar com um pequeno furo na perna.

Ele estava na garupa de uma moto quando uma mulher avançou o sinal de carro, na avenida Júlio de Castilho, esquina com a avenida Noroeste, e colidiu na moto. Ele caiu em cima do capô do carro e ficou com um furo na perna. Ninguém sabe exatamente o que o furou, se alguma peça da moto ou o limpador de para-brisa do carro.

Ele foi encaminhado por volta das 10h do dia 8 de novembro de 2012 para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro onde morava, o Vila Almeida.

Lá, a mulher dele conta que fizeram limpeza no local da perfuração, prescreveram um remédio para dor e ele foi liberado. “Aí está o primeiro erro, na minha opinião. No posto não verificaram se ele estava com as vacinas em dia, nem deram ponto no ferimento, que ficou vazando sangue em casa”, alega Ana Paula.

Por isso, ele voltou ao posto no dia seguinte. Com a perna inchada, esperou atendimento das 7h às 13h. Desistiu. Foi para casa e, por volta das 16h, um amigo o levou para o posto do bairro Coronel Antonino, onde recebeu encaminhamento para ir à Santa Casa por suspeita de trombose ou erisipela, uma infecção na pele geralmente causada por bactéria.

Na Santa Casa, José Augusto esperou  por exames até às 6h. “Ficamos a noite todinha lá, eu em pé ao lado da maca dele, ele sem remédio para dor. Ele dizia que estava morrendo de dor, ninguém falava nada, não vinham ver”, lembra a mulher.

Com o resultado do exame de sangue, que saiu no mesmo dia, ele foi encaminhado para o Hospital Regional. “Falaram isso de manhã para ele. Eu tenho duas filhas, vim para casa cuidar das meninas, ver como estavam com a minha mãe e fiquei de me encontrar com ele no Hospital Regional. Ele esperou vaga até às 16h daquele dia e quando foi para o Regional, só foi para um quarto de madrugada”, conta Ana.

Segundo Ana Paula, naquela madrugada o marido realizou um exame de ultrassom no Hospital Regional e o médico que o fez avisou que ele precisava fazer uma cirurgia de emergência. “Ele falou que não daria tempo de ir para o centro cirúrgico e operou meu marido no quarto do hospital, sem anestesia. Ele falou que não ia adiantar aplicar, que ele estava inchado e não sentiria o efeito do remédio”.

De acordo com ela, foram duas incisões que deixaram a perna de José Augusto aberta. “Ele disse que era para drenar o líquido”. Desde então, José Dutra recusou-se a continuar se alimentando. “Ele começou a decair, falou que não Ra animal para ser operado dentro de um quarto. Ficou com nojo da ferida e não quis comer mais”.

Após este, mais dois médicos atenderam e operaram o marido de Ana. “Na última cirurgia, ele ficou com o rim parado e foi para o CTI. Ele morreu, segundo eles, fazendo hemodiálise, oito dias após entrar no hospital”.

Agora, Ana quer saber do que o esposo morreu. “Uma vez o último médico que o atendeu me ligou e falou que era tétano. Mas como, se nem eu tive acesso ainda ao laudo do IML?”, questiona.

Ela procurou o presidente da Associação de Vítimas de Erros Médicos e vai recorrer à Justiça para ser indenizada. “Quero respostas e a chance de criar as minhas filhas. Ele era tapeceiro e de lá vinha toda a nossa renda. Deixou uma menina de 6 e outra de um ano e nove meses para criar. E ninguém sabe dizer porque ele morreu”, finaliza a viúva.