Como faz anualmente, a Assessoria de Gestão Estratégica (AGE) do Ministério da divulgou, nos últimos dias de junho, suas projeções para o agronegócio brasileiro, agora relativas à década 2013/2023.

E a primeira constatação tirada do relatório divulgado é a de que a carne de frango tende, doravante, a apresentar índices de evolução senão menores, em alguns casos bem mais modestos que os das duas outras carnes, a bovina e a suína.

Em relação ao consumo interno, por exemplo, o frango deve registrar expansão de 26,2% (pouco mais de 2% ao ano), o que o coloca “no meio” das duas carnes.

Ou seja, acima da suína, com aumento previsto em 18,9%; mas abaixo da carne bovina, cujo consumo tende a um crescimento superior a 40%.

Já na exportação, o previsto para a carne de frango é uma evolução inferior à das carnes suína e bovina.

Pois enquanto estas assinalam crescimento acumulado em torno dos 29%, o apontado para a carne de frango é menos da metade disso, ou seja, algo próximo dos 14% em dez anos ou cerca de 1,6% ao ano.

E o que isso representa em termos de produção? No relatório que acaba de divulgar, a AGE do MAPA projeta expansão decenal de 46,4% para a carne de frango e lembra que isso corresponde a um incremento médio de 3,9% ao ano.

Como, porém, os índices de expansão previstos tanto para o consumo interno (+26,2%) como para a exportação (+13,7%) são inferiores, parece haver nessa projeção alguma incongruência. Mas qual?

Para seus cálculos, a AGE/MAPA utilizou projeções da , que prevê para o corrente exercício produção total de 13,277 milhões de toneladas de carne de frango e exportações da ordem de pouco mais de 4,113 milhões de toneladas.

Portanto, restariam para o consumo interno cerca de 9,164 milhões de toneladas do produto.

Sabe-se, a esta altura, que essas previsões estão superestimadas.

Mesmo assim, aplicando-se a elas os índices de expansão apontados pela AGE/MAPA (13,7% para as exportações; 26,2% para o consumo interno) tem-se, para 2023, exportações de 4,675 milhões de toneladas e consumo interno de 11,561 milhões de toneladas – valores que estão presentes no relatório apresentado.

O único senão, neste caso, é que a soma desses dois fatores corresponde a uma produção de 16,236 milhões de toneladas.

E isto representa aumento de pouco mais de 22% – 20 pontos percentuais a menos que o indicado no da AGE/MAPA e o equivalente a menos de 2,5% ao ano.

É verdade que, nas projeções efetuadas, podem ter sido levados em conta os limites máximos previstos tanto para a exportação como para o consumo.

Mas, nas condições internas e externas aí presentes, é melhor não contar tão cedo com o “ovo da galinha”.