Guerra entre empresas que fornecem gás em MS vira denúncia de concorrência desleal

Referência no fornecimento de gases industriais em todo o Brasil e presente em Mato Grosso do Sul há mais de 20 anos, a White Martins está sendo acusada no Estado por truste. A prática consiste em atuar no mercado com preços desleais para prejudicar a livre concorrência. A denúncia foi encaminhada pela empresa que era líder […]

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Referência no fornecimento de gases industriais em todo o Brasil e presente em Mato Grosso do Sul há mais de 20 anos, a White Martins está sendo acusada no Estado por truste. A prática consiste em atuar no mercado com preços desleais para prejudicar a livre concorrência. A denúncia foi encaminhada pela empresa que era líder no ramo até 2012, Gilson Rodrigues de Almeida.

“Eles estão com um preço muito abaixo do mínimo possível, que cobriria as despesas fixas por exemplo. O interessante é que antes eles cobravam dos clientes talvez os maiores valores do Mercado e agora vendem a um custo três vezes menor. Como fica a situação dos contratos anteriores? O Cade precisa intervir pois já se vão oito meses disso e há consequências de dispensa de mão de obra, assim como empresas com a situação financeira delicada”, relata o sócio-proprietário da Gilson Rodrigues de Almeida, Daniel Aparecido Fonseca.

A atuação com preços extremamente menores que os demais players do setor estaria ocorrendo desde abril de 2013. O custo, segundo a denúncia, é disponibilizado pela White Martins em licitações, assim como no oferecimento direto a clientes que já possuem contratos em valência com as outras empresas. Na teoria administrativa sobre estratégia a tática recebe o nome de “Concorrência Frontal”, baseada no destaque de uma organização por meio do detrimento de rivais.

Enquanto a White Martins comercializa o custo unitário do Oxigênio Industrial T10 m³ entre R$ 4,00 e R$ 6,00, no mesmo período de 2012 a multinacional oferecia o abastecimento a R$ 14, segundo a denunciante. A Gilson Rodrigues que vende unitariamente a mesma mercadoria a R$ 9,00 e R$ 12,00 acusa a empresa de ter agido com uma concorrência desleal em vários clientes da sua cartela, entre eles a Gramatik Indústria e Comércio Ltda., a Goiás Serviços Especializados Ltda. e a Graciano Novais Sales.

“O que ocorre no mercado local e fere a ordem econômica e a concorrência, é que nos últimos meses as empresas concorrentes da multinacional White Martins observaram que a mesma iniciou uma injustificável derrubada de preços, em diversos de seus produtos, mantendo-os sempre abaixo dos custos, com a clara intenção de levar a bancarrota todas as empresas concorrentes, para, posteriormente, quando tiver o pleno domínio do mercado local (ou quando tiver, conquistado toda a cadeia de distribuição), praticar os preços que bem entender, recuperando eventuais prejuízos momentâneos”, justifica a petição ingressada pelo escritório de advocacia contratado pela Gilson Rodrigues para representar a denúncia no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade ) e no Ministério Público.

Utilização

O gás oxigênio industrial é comercializado para diversas funções. Na Indústria Siderúrgica através dele, no processo oxi-acetilênico, consegue-se a solda e corte de metais ferrosos e não ferrosos. Na Metalurgia ele auxilia a combustão de fornos, enquanto a Indústria Química usa para fabricação de óxido de etileno a partir do etileno, metanol a partir de hidrocarbonetos, dióxido de titânio, a partir de tetracloreto de titânio, dióxido de carbono a partir de hidrocarbonetos residuais.

No segmento hospilalar, que responde por boa parte do Mercado em Mato Grosso do Sul, o oxigênio industrial é aplicado no tratamento de pacientes com problemas respiratórios, em anestesias e câmaras hiperbáricas (que atuam no tratamentos de queimaduras e lesões graves de tecidos)

Afetados

Conforme o proprietário de uma das empresas que fazem parte do Comércio de Oxigênio Industrial, a briga entre a Gilson Rodrigues e a White Martins afeta todo o mercado. segundo ele em virtude da disputa judicial teve de dispensar funcionários e ainda vender um dos caminhões da frota, do valor de R$ 100 mil por diminuir o volume de vendas.

“A White Martins tem uma disputa declarada com a Gilson Rodrigues e eu não teria nada a ver com isso, se a briga não alterasse todo o mercado. Há um tempo atrás eles chegaram a negociar uma incorporação que não deu certo e agora eles estão denunciando no Cade a multinacional. Não pretendo entrar em nenhum órgão, apenas vou me adaptar a essa realidade como der,se for preciso encolher porque eu sei como funciona o mercado. Eles são predadores, detém 70% do comércio nacional”, relata o sócio-proprietário da Oxinal Oxigênio Ltda., Altair Perondi, no ramo há 21 anos, que também afirma nunca ter visto algo igual.

Além da Oxinal Oxigênio Ltda., a Gilson Rodrigues no processo judicial e na representação no Cade explica que outras três empresas também estão sendo afetadas com a guerra de preços promovida pela White Martins em Mato Grosso do Sul: AF Comércio de Gases Ltda., ABF Oxigênio Ltda. e Girogaz Comércio de Oxigênio Ltda.

Sobre as denúncias, a White Martins se restringiu a dizer que “cumpre integralmente a legislação brasileira e não tem conhecimento de processo concorrencial sobre o tema”.

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