‘Faroeste Caboclo’ recupera fontes que inspiraram Tarantino

Não é só a música de Renato Russo que aparece como referência pop no filme “Faroeste Caboclo”, que estreia nesta quinta-feira (30). Outra característica é a paixão do diretor René Sampaio pelo faroeste spaghetti, gênero consagrado por cineastas italianos como Sérgio Leone e Sergio Corbucci, e que tem Quentin Tarantino como fã fervoroso –não a […]

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Não é só a música de Renato Russo que aparece como referência pop no filme “Faroeste Caboclo”, que estreia nesta quinta-feira (30). Outra característica é a paixão do diretor René Sampaio pelo faroeste spaghetti, gênero consagrado por cineastas italianos como Sérgio Leone e Sergio Corbucci, e que tem Quentin Tarantino como fã fervoroso –não a toa, o norte-americano revisitou o estilo em “Django Livre” (2012), com uma história que também envolve vingança, duelos e um protagonista negro.

“‘Faroeste Caboclo’ bebe nas referências clássicas do western americano. E se tem algum paralelo com Tarantino, é porque lida com essas referências do mundo pop, com gângster, com esse lance de duelo”, disse o diretor ao UOL. “A gente bebe na mesma fonte. Tarantino também revisita o spaghetti, o [diretor norte-americano] John Ford. A gente procura as mesmas referências.”

Além do clima árido clássico dos filmes de bang-bang, algumas cenas e edições do filme do brasileiro foram livremente inspiradas no gênero italiano. “Sempre sonhei em passar de um close de olho para um cenário aberto. Não podia perder a chance no meu primeiro filme. Sou louco por Sérgio Leone.”

Segundo Sampaio, a inspiração veio de clássicos como “Três Homens em Conflito” (1966) e “Era uma Vez no Oeste” (1968), ambos do cineasta italiano. “Vi muito western durante a vida. Tenho um garoto muito bom que fazia as pesquisas do filme, chama Estevão, e ele me passou muita coisa. Passei uma semana re-assistindo”, comenta.

Publicitário de formação, Sampaio faz sua estreia no cinema com a adaptação da música que ele diz ter conhecido aos 14 anos, quando a ouviu pela primeira vez em uma tarde quente de Brasília. “Na época, sabia que o álbum novo da Legião [Urbana] estava chegando e não tinha grana para comprar. Já tinha ouvido ‘Que País É Esse?’, e quando ela chegou nas rádios virou um sucesso que ninguém esperava. Ficou um ano no topo das paradas das rádios em Brasília. Foi nessa hora que pensei que queria fazer um filme. Mais tarde, quando a Bianca [produtora] me perguntou o que eu queria fazer no cinema, foi minha primeira opção.”

Apesar de levar o nome da música em seu título, a faixa “Faroeste Caboclo” não é tocada durante o longa. O diretor contou que fez essa opção para evitar que o público se distraísse da narrativa. “A gente queria um registro mais natural possível, e nada que tirasse o espectador de dentro do filme. A música tem que ser percebida e não forçar a referência o tempo inteiro. A gente gostaria de pedir que nos cinemas ninguém acendesse a luz, porque o filme se completa com as pessoas sentadas até o final, ouvindo [a faixa].”

Sampaio ainda explica que, apesar de o filme ter buscado em pesquisas documentais como era a Brasília daquela época, quem eram os personagens próximos a Renato Russo e o que ele pensava da história, a equipe dele usou uma licença poética do cinema para a adaptação. “Esse é um registro realista dentro do que a ficção pede, porque é uma fábrica alegórica de um cordel. A gente foi a fundo nessa obra do Renato com a nossa ótica. Talvez ele tivesse pensado em um filme diferente, mas a gente foi muito honesto com a história. Talvez ele pudesse gostar da nossa honestidade.”

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