Após denúncias do Midiamax e de outros jornais sobre o péssimo tratamento que os estudantes do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) estavam recebendo na Universidade Anhanguera-Uniderp para conseguir aderir ao programa federal, a Defensoria Pública de Campo Grande ingressou com uma Ação Civil Pública contra a instituição. Nas matérias, o Midiamax mostrou que os estudantes ficavam horas nas filas, nas calçadas, sem acesso ao banheiro, para conseguir a senha de atendimento do programa.
O Defensor Público, Amarildo Cabral, explicou que a ação requer a condenação da instituição de ensino em danos materiais e morais coletivos, bem como, a prestação de serviços de qualidade e eficientes aos consumidores. Para o defensor, a conduta da Universidade descumpre o Código de Defesa do Consumidor. “Total desrespeito ao público hipossuficiente. Não por menos, várias vezes a questão foi abordada pela mídia, em Campo Grande. É um imenso sofrimento aos estudantes carentes que buscam acesso ao Fies”, destacou.
A Defensoria lembrou que os alunos carentes ficavam nas filas durante toda a madrugada para conseguir a senha de atendimento. E muitas vezes, sequer conseguiam. Uma estudante contou que passou a madrugada no local e só conseguiu o número após cinco tentativas. “Cheguei à universidade às 2 horas da manhã, fiquei na calçada como se fosse uma mendiga, quando foi 5 horas entrei na Universidade, peguei a senha de número 38 e só saí de lá às 16 horas. Um descaso total, falta de respeito, afinal nada ali é de graça, pagamos por tudo aquilo e ainda temos que passar por esse tipo de situação, sem falar que esta foi a quinta vez que fui lá. Nas outras vezes não consegui pegar a senha”, relata.
A Defensoria quer que a universidade abra os portões durante a noite para que os acadêmicos possam aguardar abrigados do frio, da chuva e com acesso aos sanitários enquanto esperam pelo atendimento do Fies. O defensor público disse que não há motivo que justifique o descaso. “Há guardas particulares no local e os portões poderiam ser abertos, sem qualquer risco à Universidade Anhanguera-Uniderp, e com melhoria nas condições de atendimento ao consumidor”.
Ainda segundo a Defensoria, outra omissão grave da universidade consiste em não estabelecer sistema de preferência para idosos, gestantes, mulheres com crianças e portadores de necessidades especiais, o que causa ainda mais sofrimento aos interessados no benefício do FIES.