No dia 11 de maio, quando foram definidos os integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a máfia do câncer em , o Midiamax já havia antecipado que um dos responsáveis pela Saúde em Campo Grande, ex-prefeito (PMDB), não seria ouvido nas oitivas. O que, a princípio foi chamado de especulação, hoje foi confirmado, com o fim das convocações.

Indagado sobre a ausência do prefeito, o presidente da CPI e ex-líder de Nelsinho na Câmara, vereador Flávio César (PTdoB) disse que as oitivas já foram encerradas e todos os convocados foram definidos por deliberação de todos os membros da CPI. Agora, segundo ele, falta apenas contrapor os depoimentos com os documentos que os integrantes tiveram acesso.

“Com base em tudo isso, faremos o relatório final. Já temos elementos suficientes para encerrar os trabalhos e apresentar o relatório final. Temos vários documentos para serem confrontados com os depoimentos”, justificou.

O vereador Alex do PT, que foi oposição a Nelsinho e hoje é líder de Bernal na Câmara, estranhamente, também não cobrou a presença do ex-chefe do Poder Executivo na CPI. Ele disse apenas que vai solicitar mais uma oitiva, desta vez com representantes da força tarefa do Ministério da Saúde.

Alex quer saber quantos milhões eram necessários para construir uma sala de radioterapia em Campo Grande, se tinha condições de construir no Hospital Regional e se houve um sucateamento do Hospital Universitário. Ele também quer informações sobre os aceleradores lineares para tratamento de câncer que foram rejeitados pelo Estado e da prestação de contas da administração atual de Campo Grande, para confrontar com a passada.

Apesar de defender outras oitivas, Alex não fala em convocar Nelsinho para a CPI. Questionado sobre esta possibilidade, ele disse apenas que como membro acatará o trabalho coletivo. A CPI tem como integrantes Flávio César, Carla Stephanini-PMDB (relatora), Alex do PT, Cazuza (PP) e Chiquinho Telles (PSD).

As desconfianças sobre o resultado final do trabalho da CPI começaram já no início, quando a vereadora Luiza Ribeiro (PPS), uma das maiores defensoras da investigação, foi impedida de participar por falta de apoio dos demais vereadores, que fizeram valer a regra da representatividade para excluí-la. Com maioria, os ex-aliados de Nelsinho conseguiram emplacar Flávio e Carla na presidência e relatoria e ainda indicar o vereador Coringa (PSD), que até então era oposição a Bernal. Todavia, o vereador foi um dos mais contestadores durante as oitivas, chegando a protagonizar discussões com o principal personagem das investigações, o ex-diretor do Hospital do Câncer, Adalberto Siufi.

Na última oitiva da CPI os vereadores ouviram a ex-secretária de Saúde do Estado, Beatriz Dobashi, culpar o ex-secretário de Saúde do Município, , pela rejeição ao acelerador linear. “A dispensa foi feita por Mazina que estava representando o Estado em uma reunião do Ministério da Saúde”, declarou. Também causou estranheza nos vereadores a declaração do ex-secretário de Saúde de Nelsinho, Luiz Henrique Mandetta (DEM), na CPI. Indagado sobre a deficiência do setor em Campo Grande, ele fez questão de dizer que a secretaria também tinha outras prioridades.

O vereador Alex do PT questionou a falta de vontade para garantir uma estrutura pública para tratamento do Câncer em Campo Grande, dizendo que fez um cálculo por cima e descobriu que precisaria de mais ou menos R$ 4 milhões para a construção, o que segundo ele, não chega a metade dos R$ 9 milhões repassados ao câncer pelo Governo Federal. Ainda assim, o vereador não pediu para Nelsinho explicar porque não priorizou o setor.