Conheça dez perfis clássicos de corredores
Esta terça-feira é dia de São Silvestre, em sua 89ª edição e uma das mais tradicionais provas de rua do Brasil. E mesmo nos demais dias do ano é crescente o número de praticantes de corrida no Brasil. A Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) estima que haja no mínimo 1,8 milhão de praticantes regulares do […]
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Esta terça-feira é dia de São Silvestre, em sua 89ª edição e uma das mais tradicionais provas de rua do Brasil.
E mesmo nos demais dias do ano é crescente o número de praticantes de corrida no Brasil. A Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) estima que haja no mínimo 1,8 milhão de praticantes regulares do esporte de rua no Brasil, mas, como boa parte deles não são cadastrados, acredita que esse número seja bem maior.
Um indicativo desse cenário é o crescimento constante das corridas de ruas em todo o país desde 2005. Este ano, ocorreram cerca de 500 provas, enquanto em 212 foram 405 e em 2011, 374. Novamente, esse número pode ser mais alto, visto que apenas são registradas na CBAt as corridas que buscam validação internacional.
A Federação Paulista de Atletismo também registra um salto no número de corridas de ruas realizadas no estado na última década. As disputas passaram de 17 em 2002 para 311 em 2012. Já o número de participantes nessas provas cresceu 265% em oito anos.
Quem são essas pessoas e por que decidiram calçar os tênis e sair para correr? A reportagem conversou com vários adeptos pelo mundo e identificou dez perfis clássicos entre os corredores.
Corredores em grupo
Clubes de corredores viraram a saída para muitos adeptos se sentirem estimulados a correr e até mesmo melhorar sua performance.
“Correr é a única maneira de eu conseguir alguns minutos de paz e de clareza mental”, disse Catherine, inglesa que praticou a corrida durante suas duas gestações e agora usa o esporte para recuperar a forma física. Ela disse que, graças ao estímulo do grupo, bateu seus próprios recordes de velocidade nas provas de 5 e 10 km.
“O apoio dos outros integrantes do clube tem sido fantástico e existem vários exemplos de mulheres mostrando como é possível integrar a corrida na vida familiar. Eu não conseguiria me motivar para treinar tão duro se corresse sozinha.”
Queimando calorias
“No início, para mim, treinar era uma forma de perder alguns quilos. Não tenho o tipo físico do corredor, sou apenas um cara que gosta de uma cerveja e uma comida para viagem”, disse outro corredor.
“Meu espírito competitivo começou a falar mais alto e logo eu comecei a querer melhorar meus tempos. A partir daí, queria melhorar as distâncias. A satisfação que senti me levou a querer correr mais longe e mais rápido. No período de alguns meses, correr deixou de ser obrigação para se tornar desafio, prazer e paixão”.
O supercorredor
Há também aquele que começa a correr sem grandes expectativas e acaba se tornando um praticante intenso, correndo mais de 90 km por semana e virando assíduo de maratonas e provas de rua.
“Saí para uma corrida curta no dia 5 de janeiro de 1994, para tentar perder peso após ter parado de fumar e beber. Aquilo transformou a minha vida e, à medida que ficava mais forte e leve, meus treinos foram ficando mais longos e me perguntei até onde seria capaz de ir”, contou um praticante.
“É uma coisa tão positiva, estive em lugares maravilhosos e conheci pessoas incríveis ao longo dos anos. Meu sonho agora é completar minha milésima maratona e continuar correndo até quando for possível”.
Corrida como antidepressivo
“No Natal de 2011, me pesei na balança e vi que tinha chegado a 97,5 kg. Estava inchada, muito deprimida e sentindo dor constantemente, mal podia andar.”
Essa corredora hoje usa a corrida como antídoto.
“Ainda não perdi nenhum peso, mas estou começando a me sentir bem melhor e mais positiva. Agora corro na rua e consigo correr 20 minutos contínuos antes de diminuir o passo e caminhar rapidamente”.
“Até agora, tem sido muito doloroso e tenho de subornar a mim mesma para sair para correr”, ela explicou. “Mas quando finalmente consigo, eu adoro”.
Correndo por uma causa
Despertar a atenção do público a causas e ajudar a financiar projetos é um grande motor para muitos corredores.
Um leitor diagnosticado com uma doença motora passou a correr maratonas para arrecadar dinheiro e aumentar a conscientização das pessoas em relação ao problema.
“Sempre corri e procurei me manter em boa forma. Isso era essencial, porque eu jogava futebol semiprofissional. Desde que fui diagnosticado com doença neuromotora, já corri duas maratonas – fui o primeiro a fazer isso”.
“Ainda sinto aquele frisson quando coloco o fone de ouvido antes de sair para correr – duas vezes por semana. Adoro música e adoro correr – embora hoje seja mais uma caminhada do que corrida propriamente dita. Esqueço de tudo, até do fato de que tenho essa doença letal. (Correr) é uma parte importante do minha estratégia para lidar com essa realidade”.
O corredor descalço
Ken, que mora na Califórnia, corre entre 16 e 32 km por semana – e corre descalço.
Ele disse que já correu mais de 80 maratonas. “Não tenho aquela tendência a ficar viciado, aquele tipo de personalidade que te leva a correr com dor, correr todo dia. Não sou durão, mas terrenos ásperos sob meus pés descalços servem como um estímulo para que eu descubra como correr e como andar com mais suavidade”.
Essa “dança”, ele explicou, “se traduz em uma técnica em constante aperfeiçoamento, focada em impulsionar meu corpo para a frente, com menos desperdício de movimentos para cima e para baixo”.
“Meus pés me levam para praticamente qualquer lugar onde eu queira ir. Correr e andar são formas simples de transporte e, ao mesmo tempo, tão sofisticadas e elegantes”.
O madrugador
Aproveitar momentos de solidão, aprofundar-se nos próprios pensamentos, desfrutar a natureza e a calmaria – estes são alguns motivos apontados pelos corredores que madrugam para praticar o esporte.
“Como corro bem cedo, posso apreciar a natureza em seu momento mais rico e desfrutar da diversidade da região dos Pennines, onde eu moro”, diz um praticante.
O corredor aposentado
Mara, de Londres, é uma ex-maratonista profissional. Hoje ela corre seis dias por semana, cobrindo cerca de 96 km. Ela se alimenta com comida japonesa “saudável e nutritiva”.
“Quando eu tinha 11 anos, fiquei maravilhada com a Olimpíada de Los Angeles e decidi que ia ser uma atleta olímpica.”
Duas décadas depois, “estava na fila de largada da maratona feminina na Olimpíada de Pequim, em 2008”.
“Um espírito competitivo e o simples prazer de correr em liberdade na natureza foram o que me motivou a treinar e competir no nível mais alto”, explicou.
Após os Jogos de 2012, em Londres, ela decidiu se aposentar. “Hoje, corro para me divertir e me manter saudável. Eu adoro: me divirto mas não existe pressão nenhuma. Aliás, com frequência eu tenho de controlar minha competitividade – ou meu corpo, hoje mais velho, não vai gostar”.
Corredor de montanha
Roger, de 70 anos, corre entre uma e três vezes por semana, cobrindo entre 14 e 40 km. “Corri para competir praticamente a vida inteira, participando de corridas de 400 metros até maratonas e maratonas em montanha”, disse.
“Passei a praticar corrida de montanha mais seriamente em 2004, aos 61 anos, e não parei até hoje. O aumento no tráfego estava diminuindo o meu prazer em correr nas ruas, eu estava ficando mais lento”.
Apesar de problemas no joelho, ele se diz estimulado pelo “desafio” de correr em terrenos tão peculiares.
“Corredores de montanha são pessoas de cabeça feita e muito acolhedoras. É um mundo pequeno e você logo fica conhecendo seus rivais – que logo se tornam seus amigos”.
Os desistentes
Laura correu por dois anos, por volta de 16 km por semana, para se sentir “mais saudável e feliz”.
“Eu trabalhava muito, então ficar ao ar livre algumas vezes por semana me fazia bem. Não corria rápido, mas aos poucos fui capaz de correr distâncias mais longas, correndo 8 km do trabalho até em casa”, ela contou.
No começo desse ano, no entanto, Laura resolveu participar de uma corrida de 10 km junto com os colegas do trabalho. A ideia era angariar fundos para uma ONG de combate ao câncer.
“Apesar do clima amistoso no dia, achei a corrida muito dura e não gostei de ser ultrapassada pela maioria dos outros competidores”.
Desde então, ela decidiu “aposentar” os tênis no fundo do armário.
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