CNA cobra mais investimentos do governo para acabar com dependência da importação de trigo

A dependência brasileira da importação de trigo foi motivo de reclamação, hoje (19), da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A entidade pediu investimentos do governo para garantir a autossuficiência do produto. A CNA defendeu o incentivo à pesquisa para o desenvolvimento de novas tecnologias e destacou que o trigo é estratégico para […]

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A dependência brasileira da importação de trigo foi motivo de reclamação, hoje (19), da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A entidade pediu investimentos do governo para garantir a autossuficiência do produto. A CNA defendeu o incentivo à pesquisa para o desenvolvimento de novas tecnologias e destacou que o trigo é estratégico para a segurança alimentar do país. Para a confederação, a dependência deixa o país sujeito a medidas protecionistas de países exportadores como a Argentina, “onde são recorrentes as proibições de vendas ao exterior do trigo e farinha de trigo”.

Em nota técnica que analisa números do mercado de trigo, a entidade ressaltou que o Brasil é o décimo primeiro maior consumidor mundial do grão mas não figura entre os 15 maiores produtores. “No biênio 2012/2013, o Brasil deverá importar mais de 7,2 milhões de toneladas de trigo, um dos volumes mais expressivos da história. Isso mostra a dependência, especialmente da Argentina, de onde o Brasil comprou 93% da farinha de trigo e 77% do trigo no ano passado”, diz o comunicado.

Segundo o coordenador-geral da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Sílvio Farnese, o entrave à autossuficiência brasileira na produção de trigo não é o investimento em tecnologia, mas a dificuldade de escoamento dos grãos. Farnese ressaltou que já existem técnicas que permitem o plantio do trigo, que é uma cultura de clima temperado, em áreas de temperaturas elevadas como o Centro-Oeste.

“O problema é que a produção do Centro-Oeste esbarra em questões de infraestrutura e logística. Se fosse para distribuir para o país, esbarraríamos na competitividade do trigo argentino, que chega mais barato de navio do que o brasileiro transportado de caminhão”, declarou. De acordo com o coordenador, a produção do Centro-Oeste vai para moinhos locais e é consumida pela população da região. Segundo Farnese, a maior parte da produção brasileira de trigo está concentrada no Rio Grande do Sul, Paraná e em Santa Catarina e seu transporte só é financeiramente viável até o Rio de Janeiro. O volume restante de grãos é importado principalmente do Mercosul.

“O Mercosul é uma realidade no abastecimento de trigo e não há como fugirmos disso, pelo menos por enquanto. A alíquota de importação para os países signatários é zero, então é o mesmo que se fosse produzido em um estado brasileiro”, disse. Sílvio Farnese destacou ainda que este ano e em 2012, em função de uma quebra de safra, excepcionalmente o Brasil importou mais do que tradicionalmente. “Historicamente, o Brasil produz o suficiente para atender metade do consumo”.

Esta semana, a fim de combater os efeitos da quebra de safra que aconteceu no Brasil e no exterior, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior prorrogou o prazo para o país importar 2 milhões de toneladas de trigo com alíquota zerada também de países que não pertencem ao Mercosul.

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