Britânica inventa ‘câmera que capta cheiros’

Uma artista britânica desenvolveu uma “câmera” especial que, em vez de armazenar imagens, retém odores. Batizada de “Madeleine”, em homenagem ao tipo de bolo francês que desperta, pelo odor, várias recordações no personagem central no famoso livro Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust, a engenhoca foi o trabalho de conclusão de mestrado da […]

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Uma artista britânica desenvolveu uma “câmera” especial que, em vez de armazenar imagens, retém odores.

Batizada de “Madeleine”, em homenagem ao tipo de bolo francês que desperta, pelo odor, várias recordações no personagem central no famoso livro Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust, a engenhoca foi o trabalho de conclusão de mestrado da artista Amy Radcliffe na universidade Central Saint Martins, em Londres.

“Eu tinha acabado de terminar a minha graduação na Saint Martins quando me interessei em saber como seria possível salvar as lembranças de uma maneira não visual”, contou Amy, que chama sua técnica de “scentography” (“aromagrafia” em tradução livre).

“Na internet e nas redes sociais somos tão invadidas por fotos, vídeos, etc. que às vezes tudo parece perder o valor “, disse ela.

“Eu estava procurando algo com um pouco mais de valor, algo não tão comum como uma imagem, e então me deparei com odores, que são capazes de provocar uma resposta emocional intensa.”

Madeleine

A “Madeleine” usa uma cúpula de vidro conectada por dutos a um recipiente de cerâmica – a “câmera”, que absorve o cheiro do objeto colocado sob a tampa de vidro.

O sensor de odor no corpo da câmera de cerâmica contém uma resina especial que retém o aroma, que é então transportada para um laboratório para análise e, portanto, ser reconstituída sinteticamente – como uma foto revelada e ampliada.

Uma vez que isto é feito, o cheiro pode ser armazenado num frasco pequeno.

“A ideia é que o frasco seja usado apenas uma vez, já que os aromas têm menos resistência do que as outras memórias”, disse Amy.

“Vamos armazenar odores orgânicos, que são os mais fáceis de reter, mas o problema é que cada um deles significa algo diferente para cada pessoa.”

É o que a artista inventora chama de “nostalgia proscrita” — algo que o personagem de Proust só encontrou no bolinho madeleine, mas que, pelo invento de Amy, poderia ser guardado no armário, ou numa caixinha, para sempre.

O princípio básico do processo não é exatamente novo, ele descende de uma tecnologia dos anos 80 conhecida como “headspace”, usada para captar odores e transferi-los para locais controlados. Através deste princípio, a britânica fez sua própria “câmera” de odor.

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