Um dos países mais pobres da América Latina, a Bolívia entrou nesta sexta-feira para a era espacial ao colocar em órbita seu primeiro satélite de telecomunicações, lançado da plataforma de lançamento de XiChang, na China.

O lançamento do satélite Túpac Katari “vai mudar a história da nossa ciência e tecnologia nas próximas décadas”, previu o vice-presidente Alvaro García, pouco antes da decolagem, prevista para esta sexta-feira, às 12h42 locais (14H42 de Brasília).

Pouco depois, a estação de Amachuma, a 4.000 metros de altitude e a 30 km de La Paz, indicou que já estava recebendo os sinais para rastrear o satélite, que dentro de duas semanas deve entrar em sua órbita geoestacionária definitiva, a 36 mil quilômetros de altitude, para começar a operar em março.

“Já estamos recebendo sinais do satélite corretamente, já conseguimos rastreá-lo”, disse à TV estatal red TVB a técnica da estação, Alejandra Lora.

O diretor da Agência Espacial Boliviana (ABE), Iván Zambrana, disse a jornalistas que o maior projeto tecnológico do país “tem como objetivo levar telefonia, televisão, internet e sistemas de tele-educação para todo o território, especialmente os locais mais longínquos”.

O satélite Túpac Katari, construído na China ao custo de 300 milhões de dólares, entrará em operação a partir de março ou abril, segundo Zambrana.

Com este passo, a “Bolívia está preparada para ser potência. Seremos uma potência”, declarou à imprensa.

“Com um olhar integral, vamos fazer com que muitos bolsistas possam ir às universidades do mundo para se capacitar e retornem ao país para implementar os conhecimentos adquiridos”, disse Vladimir Sánchez, ministro de Obras Públicas, à rede de televisão Cadena A.

O presidente da Bolívia, Evo Morales, está na China para assistir ao lançamento, acompanhado de seus ministros das Relações Exteriores, David Choquehuanca, da Defesa, Rubén Saavedra, e do Planejamento, Viviana Caro.

O lançamento foi acompanhado na Bolívia por milhares de pessoas, pois o evento foi transmitido ao vivo pela TV estatal em sinal aberto.

Além disso, em La Paz foi instalado um telão na Praça de Armas, onde ficam as sedes do Governo e do Congresso, para que a população pudesse acompanhar em tempo real as imagens do Centro de Lançamento de Satélites de XiChang, na província chinesa de Sichuan.

Outros telões foram instalados em praças das cidades mais importantes do país.

O satélite artificial fornecerá serviços de telecomunicações para 3 milhões de um total de 10 milhões de bolivianos.

As Forças Armadas bolivianas informaram que o Túpac Katari será uma ferramenta para “consolidar centros de comando de controle, inteligência e informação, destinados a minimizar riscos, desastres e monitorar situações de contingência”.

O satélite será controlado a partir das bases de Amachuma, a 4.000 metros de altitude no altiplano, e de La Guardia, na planície boliviana, informou o diretor da ABE, Iván Zambrana.

Para construí-lo, Pequim concedeu um crédito de 256 milhões de dólares, enquanto La Paz desembolsou outros 44 milhões, como fundo de contrapartida.