Ao chegar à frente do Estúdio Vespa, que fica localizado na antiga rodoviária, o colorido da fachada indica que o que será encontrado ali não é comum. Que algo diferente está por vir. Ao subir as escadas que dá entrada ao estúdio, que é meio como um loft, a impressão se confirma. Nas paredes, vários quadrinhos mostram um pouco de tudo que se encontra no local. Há quadros com sapatos, leques, luvas, flores, como se cada um indicasse a arte depois dos degraus.

Já no espaço, a decoração peculiar chama a atenção logo de cara. Referências do pop art dá o tom das cores que se misturam a ícones do cinema, do rock e a peças antigas que não se usam mais.

O telefone velho enfeita a estante com uma máquina fotográfica antiga e esmaltes coloridos. Miçangas, brilhos e outros armarinhos que são usados na confecção das roupas são guardados em potes de maionese. O quadro de um guerreiro africano complementa a decoração da parede.

Nas araras, as peças com desenhos indianos são maioria. Para quem gosta da cultura budista Shiva e Ganesha estampam os vestidos que podem ir da praia a mais sociais. Algumas peças são até bordadas.

Em outro espaço a cultura HQ se mistura a CDs e vinis antigos. Na frente o clássico dos Beatles “Sgt. Lonely Hearts Club Band Pepper” deixa o gostinho que muitas outras raridades estão escondidas ali.

Em meio a esse bando de referências que os irmãos Fábio Maurício, 28 anos, estilista, Ghva, 38 anos, artista plástico, criam sua arte. Eles contam que idealizaram o espaço junto com a fotógrafa Carlota Philippsen, 34 anos, há cerca de um ano.

Segundo Fábio, a ideia inicial era que o espaço fosse apenas um ateliê para eles criarem e desenvolverem sua arte. Mas, o projeto cresceu e hoje muitos outros artistas frequentam o estúdio e aproveitam para fazer pesquisas entre os diversos livros, CDs e discos que estão ali.

Fábio conta que Carlota deixou o espaço há pouco tempo e hoje ele e o irmão Ghva tocam o ateliê que já foi cenário de videoclipe e longa-metragem rodado aqui. “O Jerry Espíndola gravou um vídeo clipe e o Breno Benetti cenas do longa-metragem Não eu”, diz orgulhoso.

Mas, apesar de tantas peças para pesquisas e do trabalho feito por eles e outros artistas algumas coisas caminham devagar já que tudo é feito de forma colaborativa sem ajuda do poder público. “Não somos um ponto de cultura. Apesar de funcionar mais ou menos da mesma forma. Não recebemos recursos do governo. Mas, muita gente vem aqui, frequenta, faz sua arte e ocupa o espaço”, conta.

Ele diz que vê neste um ano e quatro meses de funcionamento muitas conquistas, mas sonha em ampliar o projeto. “Gostaria de fazer oficinas, workshops. Movimentar mais isso aqui. Mas, para isso preciso de ajuda”, finaliza com ar de sonhador.