Condomínio de luxo colocou cerca elétrica em lago para evitar presença dos animais. MPE também investiga a irregularidade em área de preservação ambiental

O condomínio de luxo Dhama I em foi multado pela prefeitura por colocar cerca elétrica em área de preservação permanente e armar grades em alvenaria e estrutura metálica no leito do córrego Lageado. A medida foi tomada para barrar a entrada das capivaras no condomínio. Tanto o Dhama quanto a Encalso Construções Ltda – que realizou a instalação sem licença da prefeitura – foram multados em cerca de R$ 20 mil.

Conforme denúncia, para proibir a entrada das capivaras da região, que entravam pelo córrego Lageadinho – o qual passa por trás do conjunto habitacional Maria Aparecida Pedrossian, o condomínio Dhama resolver eletrificar o local ‘por conta própria'. Alguns moradores do próprio condomínio disseram que os filhotes de capivaras chegam a desmaiar com os choques elétricos.

Inconformados, eles acionaram a comissão de meio ambiente da Câmara que encaminhou o documento à Semadur (Secretaria Municipal do Meio Ambiente). O órgão encaminhou um biólogo e um engenheiro agrônomo, os quais estiveram no dia 14 de junho, vistoriando o local.

Durante a vistoria aproximadamente 40 capivaras tomavam banho de sol, sendo a maioria filhotes. Laudos apontam que o lago do condomínio – formado pelo represamento do córrego Lageado – é cercado em toda a extensão, com uma cerca tipo alambrado e eletrificada na parte interna.

Um dos responsáveis pelo local teria dito aos fiscais que após uma manifestação técnica do Imasul ( Instituto de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul) foi colocado o alambrado. Como as capivaras estavam roendo e danificando a cerca, foi decido por eles instalar a eletrificação.

Por instalar o equipamento, a Semadur multou o condomínio Dhama I em R$ 6,4 mil, por alterar as condições físicas dos recursos ambientais e a Encalso Construções em R$ 13,5 mil, por iniciar ou prosseguir em operação, empreendimento ou atividade sem licença ambiental.

As multas foram expedidas no dia 20 de junho deste ano e tanto o Dhama, quanto a Encalso, tinham 5 dias para recorrer. A reportagem entrou em contato com a prefeitura para saber se já foram retiradas as cercas elétricas e que outras medidas já foram tomadas, mas não conseguiu resposta.

No MPE, o promotor do Meio Ambiente, Fernando Martins Zaupa, está de férias. Contudo a assessora informou que a promotoria aguarda relatório da Semadur e do Ibama antes de tomar as providências cabíveis.

A reportagem se dirigiu até o Dhama. No condomínio, um senhor que atende pelo nome de Roberto e não quis se identificar disse que ontem teve uma reunião com a prefeitura e o Dhama está resolvendo a situação. Ao ser questionado se já havia sido retirada a cerca elétrica, ele se irritou e passou um telefone para mais informações. Contudo o telefone estava desligado até o fechamento desta edição.

Meio ambiente

O presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara, vereador Eduardo Romero (PTdoB) declarou que recebeu a denúncia no início de junho e encaminhou para a Semadur e o MPE (Ministério Público Estadual). Para o parlamentar, se houve aplicação de multa por parte da secretaria municipal é porque havia irregularidade.

“A devolutiva dos órgãos públicos é muito importante para nosso trabalho porque dá a resposta que a população pede. Nesse caso é nítido que precisam ser buscadas alternativas junto a Universidades, órgãos ambientais para conter as capivaras. Mas não é afastando com choques que será resolvido. Precisa ser feito um estudo e se houver comprovação científica que há superpopulação de capivaras fazer o deslocamento de grupos de uma área para outra, o que não significa matá-las”, afirmou.