Em agosto, pouco depois do título da Recopa Sul-Americana, Tite tinha a certeza de que renovaria o contrato com o Corinthians para 2014. Mas essa certeza já não existe mais. O técnico, chateado com o momento do time, que vem de um empate e quatro derrotas no Brasileirão, já não sabe o que é melhor para ele e para o clube.

Nos últimos dias, a diretoria propôs renovar de imediato seu contrato, que acaba no fim deste ano. Seria uma forma de acabar com as dúvidas sobre sua permanência e demonstrar apoio. O técnico não quis conversar. Afirmou que estava focado em fazer a equipe sair dessa situação e que só assim ficaria tranquilo. Recentemente, ouviu conselhos para sair, mas disse ainda que não sairia “abandonando o barco”. Mas há um limite. Se chegar ao ponto de não se sentir mais útil, porém, ele pode sair.

Além dos maus resultados, uma questão política o incomoda. Pessoas próximas a Tite e outras que vivem a rotina do CT afirmam que a relação entre o presidente Mário Gobbi e seu antecessor Andrés Sanchez está estremecida e interfere no dia a dia. Os diretores Roberto de Andrade e Duílio Monteiro Alves sempre receberam conselhos de Sanchez, que tem abertura no CT. A ingerência tem provocado ciúmes no atual mandatário.

Nos últimos dias, Gobbi trocou de forma temporária sua sala no Parque São Jorge para o CT, para “ficar próximo do futebol”. No contexto da briga, Tite já se viu em saia justa em certas ocasiões, pois tem boa relação com todos, e não esconde que é afetado pela situação.

Nesta quinta-feira, o diretor Roberto de Andrade disse que não pensa em demissão e que gostaria de renovar com o técnico. A conversa, segundo ele, ficará apenas para o fim do ano. Mas sem certeza do desfecho.

“Nossa ideia é que ele fique, mas ele pode não querer, pode escolher onde trabalha, a gente também pode mudar de ideia…”, afirmou.

Com a queda de braço entre atual e ex-presidente, que pensam de forma diferente, a diretoria não adota uma postura clara de cobrança ou apoio à equipe na crise. Comissão técnica e jogadores gostariam de uma linha de frente enérgica para blindar o grupo. Já houve reclamações neste sentido em conversas sem a presença dos dirigentes. Em contrapartida, entre membros da diretoria e conselheiros, há quem defenda que só um choque e uma troca de jogadores no elenco mudará a situação.