Diretores e técnicos do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e da Codomar (Companhia Docas do Maranhão, gestora das nove hidrovias do país) participaram de uma viagem técnica pela Hidrovia do Paraguai, entre Cáceres (MT) e Corumbá (MS), para avaliar in loco as deficiências da via e os serviços que estão sendo executados para melhorar a navegação e a segurança.

A viagem por 670 km, partindo do porto de Cáceres, no último dia 11, com a participação da Marinha, foi coordenada pela AHIPAR (Administração da Hidrovia do Paraguai). Órgão do Ministério dos Transportes em Corumbá, a AHIPAR atualmente realiza a dragagem de manutenção do canal do rio, em trechos críticos e sinuosos. A intervenção é necessária devido ao baixo nível das águas nesse período do ano.

Integraram a equipe de visita duas técnicas do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) – a bióloga Virginia Filgueiras e a geógrafa Verônica Moreira Ramos. Além de conhecer a realidade de uma via natural de integração do continente sul-americano, elas fiscalizaram o cumprimento das condicionantes ambientais previstas na licença de operação para a dragagem.

Confiabilidade

No percurso entre os trechos da Passagem Velha (km 2.166) e Bracinho (km 2.042), em Cáceres, o grupo presenciou as dificuldades de navegação e manobras das pequenas e grandes embarcações de turismo devido às mudanças do canal e o baixo nível do Paraguai, um dos menores dos últimos anos. Bancos de areia se formam nas margens, cujos barrancos estão em processo erosivo natural.

“Ficou evidente, para o Dnit, a necessidade de um programa mais consistente e de mais recursos para que se possa manter o rio navegável nas águas altas e na seca, evitando-se riscos de encalhe no tramo norte”, destacou o superintendente da AHIPAR, engenheiro Antônio Paulo de Barros Leite. Mais investimentos, segundo ele, garantirão, também, a confiabilidade dos operadores na via.

Chefe do Núcleo de Obras e Melhoramentos da AHIPAR, o engenheiro Samuel Van Der Lann acrescentou que o objetivo da viagem foi mostrar aos diretores do Dnit e da Codomar as reais carências e necessidades da via para atender a navegação de recreio, de turismo e de cargas. “As dificuldades de tráfego com as águas em baixa trazem consequências negativas a economia da região, como o desemprego”, cita.

No trecho conhecido por “Beiçudo”, os representantes do Dnit, Ibama e Codomar (Jorge Luiz Caetano, diretor administrativo-financeiro) tiveram a oportunidade de acompanhar o trabalho de dragagem realizado pela AHIPAR. O serviço, iniciado em maio, é executado pelas contratadas Petcon, Caruso Jr e Microarc, estas duas últimas responsáveis pelo monitoramento ambiental e batimetria.

Segurança

O diretor da Diretoria de Infraestrutura Aquaviária do Dnit, Adão Magnus Proença, participou da inspeção pela via e anunciou, durante reunião a bordo com o presidente da Associação Ambientalista, Turística e Empresarial de Cáceres (Asatec) Cleris Tubino, que, a partir de 2013, a dragagem de rotina do canal do rio terá um aprofundamento maior, passando do atual 1,80 metro para 2,50 metros.

“Com a devida licença do Ibama, faremos as correções do leito com uma margem maior de segurança para a navegação”, disse o diretor. Ele garantiu melhorias na sinalização (executada pela Marinha), a qual considerou deficiente, com a fixação de equipamentos flutuantes nos pontos críticos. “Nossa missão é dar confiabilidade a via o ano todo, sem riscos, e assim atrairmos novamente o transporte de cargas”, completou.

Também ficou definido, na reunião, que a Marinha treinará os comandantes das embarcações para manuseio de novas ferramentas de navegação, como as cartas eletrônicas e o GPS. Para o presidente da Asatec, as medidas anunciadas representam “um novo marco para a navegação”. Cleris Tubino disse que o fluxo turístico na região aumenta com a aproximação da Copa do Mundo de 2014.