A situação piorou na maior cidade da Síria, Aleppo, com as condições humanitárias se tornando cada vez mais precárias e ativistas reportando nesta terça-feira diminuição nos estoques de alimento e gás de cozinha, além de pouca eletricidade, enquanto moradores fogem em meio ao 11º dia de confrontos entre rebeldes e forças sírias leais ao governo do presidente Bashar al-Assad.

“A situação humanitária aqui é muito ruim”, disse Mohammed Saeed, ativista que vive em Aleppo, à Associated Press por Skype. “Não há comida suficiente e as pessoas tentam a todo custo fugir. Nós realmente precisamos de ajuda externa. Há bombardeios contra civis”, acrescentou. “A cidade tem diminuição considerável no gás de cozinha, o que faz as pessoas cozinharem em fogueiras ou com auxílio de energia elétrica, que é cortada com frequência.”

No domingo, a chefe de ajuda humanitária da ONU, Valerie Amos, pediu aos combatentes em Aleppo que se certifiquem de que “não estão atingindo civis”.

Em um em Aleppo, gerenciado pelo governo, enfermarias estavam lotadas de pacientes feridos nos confrontos e o número de médicos para atendê-los era mínimo. “Muitos dos funcionários da equipe, médicos e enfermeiros tiveram de deixar suas casas ou não conseguem chegar ao hospital”, disse um médico que pediu anonimato por medo de retaliação do governo. Segundo ele, o sistema de saúde da cidade está “colapsando”.

 “As ambulâncias não conseguem se locomover na cidade. Não temos doadores de sangue. Não temos bolsas de sangue. O governo não retorna as nossas ligações de pedido nos fornecer medicamentos e equipamento”, disse o médico. “Estamos enfrentando uma verdadeira crise, e o governo não liga.”

Bombardeios

Segundo ativistas, bombas foram jogadas nos bairros do sudoeste Salaheddine e Seif al-Dawla, bastião dos rebeldes opositores desde que o Exército Livre da Síria (formado em sua maior parte dos militares desertores) tomou Aleppo há 11 dias.

A ONU expressou preocupação em relação ao uso de armas pesadas, especialmente em Aleppo, enquanto vizinhos sírios da Liga Árabe falaram em fortes denúncias.

“Os massacres que estão acontecendo em Aleppo e outros lugares na Síria equivalem a crimes de que estão sujeitos a punição sob leis internacionais”, disse o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil Elaraby, depois de uma reunião no Cairo.

A agência oficial de notícias da Síria disse que forças do governo buscam “grupos terroristas armados remanescentes”em Salaheddine. Oregime de Assad se refere com frequência a opositores como terroristas. Os rebeldes, no entanto, negam que forças do governo têm tido êxito ao entrar em bairros da cidade com tanques.

Durante operações contra o Exército, opositores tomaram tanques das forças sírias em posições fora da cidade, como na cidade de Al-Bab e o vilarejo de Anadan.

A tomada de Anadan também abriu a estrada à fronteira turca, onde os rebeldes conseguem suprimentos e armas. A via também tem sido a principal rota de fuga para refugiados que deixam Aleppo.

Muitos que fogem buscam refúgio dentro do próprio país com parentes em zonas rurais, enquanto outros seguem para campos de refugiados dentro da Turquia.

“Os helicópteros estão atacando as pessoas porque o regime não consegue entrar nos bairros, então eles bombardeiam à distância com helicópteros e artilharia”, disse Mohammed Nabehan, que fugiu de Aleppo para o campo de refugiados em Kilis, do outro lado da fronteira. Segundo ele, a situação humanitária na cidade encontra-se em precárias condições e há pouca comida.”

Segundo autoridades turcas, há cerca de 44 mil refugiados sírios em acampamentos improvidasos e tendas ao longo da fronteira.

Depois de receber 142 mil sírios, a Jordânia também começou a construir um acampamento para refugiados na fronteira com a Síria. De acordo com o governo, mais de 2 mil refugiados sírios chegam ao país diariamente.

Estrangeiros

Segundo um diplomata que falou sob condição de anonimato à AP, frente à escalada de violência no país, crescem os temores dentre as potências ocidentais sobre o fluxo de militantes estrangeiros para lutar contra o regime de Assad e pela guerra santa. Segundo a fonte, militantes da Chechênia, Iêmen, Líbia, Iraque, Afeganistão e Paquistão se juntaram a rebeldes sírios, depois de entrar no país através do Iraque e do Líbano.

Catar e expressaram recentemente o desejo de ajudar financeiramente os rebeldes para obterem melhores armamentos. Nesta terça-feira, a oficial Agência de Impressa Saudita disse que uma campanha nacional de uma semana para apoiar “nossos irmãos na Síria” conseguiu US$ 117 milhões em doações para equipar os combios de socorro para os refugiados sírios.