Site com campanha por Barbosa para presidente tem 200 mil acessos
O ministro relator do processo do mensalão no Superior Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, caiu nas graças da população durante julgamento que decide o destino de políticos acusados de desviar recursos para compra de votos. Logo após a leitura de seu posição condenando boa parte dos acusados, brotaram nas redes sociais brincadeiras comparando-o a super-heróis […]
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O ministro relator do processo do mensalão no Superior Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, caiu nas graças da população durante julgamento que decide o destino de políticos acusados de desviar recursos para compra de votos. Logo após a leitura de seu posição condenando boa parte dos acusados, brotaram nas redes sociais brincadeiras comparando-o a super-heróis e propondo sua candidatura à presidência da República em 2014. Foi seguindo essa linha que surgiu o site Joaquim Barbosa Presidente.
Elaborada por um grupo de jornalistas fluminenses no dia 8 de outubro, até esta sexta-feira, a página acumulava 195.567 acessos, bem acima das expectativas de seus criadores. “Depois que começou o julgamento passamos a acompanhar o Barbosa e começamos a admirá-lo. Não são apenas as pessoas mais novas que gostam dele, as mais velhas também. Um senhor de 75 anos disse em mensagem no site que há muito um brasileiro não tinham alguém de quem se orgulhar tanto, como se orgulham do Barbosa”, disse a jornalista Renata Maia, 29 anos, uma das criadoras do site.
O ministro já ficou sabendo do site em Brasília, mas teria dito que não tem pretensão nenhuma de trocar a magistratura pela política. Renata diz estar consciente disso, mas prega que Barbosa pode ser um exemplo para os futuros políticos brasileiros.
“Todas as pessoas ficariam felizes e gratas se aceitasse o convite de ser candidato, mas a gente sabe que não é um desejo dele (…) Queremos que os próximos candidatos tenham Barbosa como exemplo, como uma pessoa combativa, que não tem medo de falar o que pensa, desde que tenha embasamento sobre o que está falando”, diz Renata.
Segundo a jornalista, os criados do site são apartidários, “fazemos questão de deixar isso claro”, e dizem que os índices de rejeição da página são de 0,25%. Sobre a presidente Dilma, que goza de altos índices de aprovação, Renata prefere não fazer uma comparação. Perguntada sobre o ministro Ricardo Levandowski, com quem Barbosa tem os maiores embates durante o julgamento, ela prefere não comentar.
O site abre com uma foto de Barbosa com a bandeira nacional ao fundo. É possível conferir a biografia do ministro, baixar um adesivo ou deixar uma mensagem. “Foram 605 de ontem para hoje”, ilustra Renata, que não gastou nada para montar a página criada por meio de parceria com uma editora.
O mensalão do PT
Em 2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.
No relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.
Em 2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na denúncia.
O relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
A então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.
Em julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.
A ação penal começou a ser julgada em 2 de agosto de 2012. A primeira decisão tomada pelos ministros foi anular o processo contra o ex-empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, acusado de utilizar a corretora Natimar para lavar dinheiro do mensalão. Durante três anos, o Supremo notificou os advogados errados de Quaglia e, por isso, o defensor público que representou o réu pediu a nulidade por cerceamento de defesa. Agora, ele vai responder na Justiça Federal de Santa Catarina, Estado onde mora. Assim, restaram 37 réus no processo.
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