Aos 12min do segundo tempo, os 10 mil são-paulinos que resistiram ao frio do Morumbi já tinham razões para não acreditar em uma vitória. O volante Rodrigo Caio acabara de ser expulso ao colocar a mão na bola para matar uma jogada do adversário. Foi um erro individual que corou uma sucessão de erros coletivos nos 57 minutos anteriores. Segundos depois, a torcida do Vasco já gritava “olé”.

Os cariocas venceram por 1 a 0, ajudados por uma das piores atuações do São Paulo dentro de seus domínios. O time tricolor, desorganizado, apático e sem fibra, saiu de campo vaiado por sua torcida. A ira das arquibancadas dirigia-se especialmente ao presidente Juvenal Juvêncio, alvo de muitos palavrões. Já o time foi chamado de “amarelão” e “sem-vergonha”.

A estreia de Ney Franco em casa foi ainda pior do que a primeira apresentação são-paulina sob o comando do novo técnico, no domingo, quando a equipe empatou (1 a 1) com o Palmeiras em Barueri. Da metade do primeiro tempo em diante, o Vasco foi senhor absoluto do jogo, dominou as ações e ainda contou com erros individuais tricolores.

No começo, parecia que seria diferente. Os minutos iniciais levaram a crer que o São Paulo pressionaria o Vasco em seu campo. O time jogava com a marcação adiantada. Cícero teve boa chance para abrir o placar, mas desperdiçou. Luis Fabiano e Osvaldo eram boas opções ofensivas, mas o primeiro parecia desligado em alguns momentos, e o segundo saiu machucado ainda na primeira etapa.

Luis Fabiano, aliás, era o único jogador que parecia ter encarnado a “raça” exigida pela torcida. Participou das melhores chances do São Paulo, por pouco não chegou ao gol e ainda ajudou na defesa. Teve o nome gritado pela torcida diversas vezes, mesmo na derrota.

Mas aí o Vasco começou a assustar, se soltar, se aproveitar de brechas na esquerda da defesa tricolor. E o São Paulo apagou-se. O meia Juninho, que fez sua 350ª partida pelo Vasco, acertou dois bons chutes. Diego Souza perdeu um gol feito.

O time da casa desceu aos vestiários vaiado pela própria torcida.

Mas no segundo tempo, ficaria pior. Ney Franco mexeu na equipe, mas a equipe não se ajeitou. Não demorou a acontecer o que já vinha se desenhando há muito tempo: gol do Vasco, em chute forte de Fágner que o goleiro Denis aceitou com incrível facilidade. A bola tocou em suas luvas e escorregou à rede.

O goleiro ainda faria defesas que evitaram um placar mais dilatado. Mas o ataque do São Paulo foi incapaz de concluir as poucas jogadas criadas por um meio-campo debilitado com a expulsão de Rodrigo Caio.

A derrota interrompeu uma invencibilidade de cinco jogos no Morumbi e fez a equipe da casa cair para a sétima posição no Brasileiro, com os mesmos 16 pontos de antes. Já o Vasco, chegou aos 23 e permanece na vice-liderança atrás do Atlético-MG.