Uma riqueza que nem mesmo quem a detinha a conhecia. Assim pode se resumir a razão do contentamento do comerciante Mohammad Abdel Majid Beirat ao visualizar a nova fachada da sua loja de confecções na área central de Corumbá. Ele foi um dos primeiros proprietários de prédios considerados de valor histórico, localizados na área de entorno do Casario do Porto Geral, tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional, a concluir a revitalização da fachada dentro da segunda fase do programa “Corumbá a Olhos Vistos”.

Desenvolvido pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), juntamente com o Ministério Público Federal e contando com a parceria da Associação Comercial e Empresarial de Corumbá, o Programa tem por objetivo realizar a despoluição visual de prédios e segue até outubro de 2013 com prazo para que proprietários de imóveis realizem adequações necessárias a fim de manter o traçado arquitetônico histórico.

Com desenhos e detalhes singulares, a parte frontal da loja Novittá Modas passou a atrair muito mais olhares de quem circula pelo centro comercial da cidade. A obra, que demorou menos de um mês, deixou revelar formas que nem mesmo o proprietário do imóvel conhecia.

“Acredito que tinha ido uma única vez lá em cima em 17 anos, nunca tinha reparado na beleza, nas formas que estavam por trás do letreiro”, disse Mohammad ao qualificar os traçados arquitetônicos como “uma verdadeira obra de arte”.

O receio que o comerciante apresentava na época em que o IPHAN propôs a revitalização, hoje, foi substituído pelo orgulho de possuir uma das mais belas fachadas da área central. Ele afirma que o investimento valeu a pena tanto do ponto de vista pessoal como comercial.

“Tem muita gente vindo aqui tirar fotos, passam e elogiam a reforma, além do que, percebi que tem pessoas que acabam entrando na loja, querendo conhecer, atraídas pela fachada que vem se destacando”, disse ao lembrar que cada cidadão é responsável por tornar sua cidade mais atraente.

“A cidade não pode perder sua história, é preciso conservar o que foi feito, é o nosso dever. Se uma cidade não tem passado, ela não tem futuro. É preciso vigiar, cuidar daquilo que nos foi deixado como herança”, avaliou Mohammad.

Histórico e contemporâneo

Outro prédio que também está se adequando ao contexto da revitalização das fachadas é o da loja Hering, cujo proprietário Imad Badere Machini, resolveu se antecipar à terceira fase do Programa Corumbá a Olhos Vistos.

“Já estou antecipando porque sei que vai chegar uma nova etapa e eu seria notificado para adequação. Me antecipei para quando chegar essa nova etapa estar tudo pronto”, disse ao lembrar que seu estabelecimento já sofreu influências de outras épocas e por isso guardou poucos elementos de cunho histórico, razão essa pela qual o projeto aprovado pelo IPHAN primou por manter os traçados antigos numa mescla com o contemporâneo.

“Na seção de roupas, tive que restaurar, tirar a marquise, valorizar as molduras do meu prédio, restaurar, destacar o que dá essas características antigas. Acabei criando uma harmonia do antigo com o novo. Quem observar minha loja hoje, vai perceber essa harmonia dentro dos critérios pedidos pelo IPHAN”, frisou ao afirmar o retorno trazido.

“No meu caso, esse investimento está sendo bastante positivo porque o resultado eu vejo no comentário da minha clientela e das pessoas que passam em frente que gostam do que estão vendo. Estou sentindo uma maior atração de pessoas, entrada de público”, falou.

“Corumbá é uma cidade histórica e os comerciantes têm que ter consciência de que se são donos dos prédios, têm que restaurar, valorizar porque o próprio turista quando chega na cidade e vê esses prédios bem mantidos, ele leva isso como ponto positivo, o que acaba ajudando no turismo da cidade que fica mais bonita”, analisou.