Os militares das três Forças Armadas terão um reajuste de 30% nos salários até 2015. O índice representa quase o dobro do percentual concedido aos servidores do Executivo civil, Judiciário, Legislativo e Ministério Público da União (15,8%). Ao todo, 706.586 pessoas, entre militares ativos, da reserva e pensionistas serão beneficiados pelo aumento. Na quinta-feira, o Ministério do Planejamento deixou claro que o limite do aumento aos servidores será o mesmo aplicado aos demais poderes e ao MPU. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

“O governo priorizou algumas áreas além da proposta de 15,8%: (…) as universidades, a área de meio ambiente e os militares”, disse ontem a ministra Miriam Belchior. Professores de universidades e institutos tecnológicos federais receberam reajustes entre 25% e 40%. No início das negociações, o Planalto já havia sinalizado que o aumento de professores e militares seria diferenciado. No caso da Defesa, o reajuste foi encomendado pela própria presidente Dilma, como gesto de reconhecimento após a instalação da Comissão da Verdade. O governo ainda não conseguiu negociar com 21 setores, que rejeitaram as propostas.

O movimento grevista

Iniciados em julho, os protestos e as paralisações de servidores de órgãos públicos federais cresceram no mês de agosto. Pelo menos 25 categorias entraram em greve, tendo o aumento salarial como uma das principais reinvindicações. O Ministério do Planejamento estima que a paralisação tenha envolvido cerca de 80 mil servidores. Em contrapartida, os sindicatos calculam que 350 mil funcionários aderiram ao movimento.

A greve afetou servidores da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Arquivo Nacional, da Receita Federal, dos ministérios da Saúde, do Planejamento, das Relações Exteriores, do Meio Ambiente e da Justiça, entre outros. O Sindicato Nacional dos Servidores das Agências Nacionais de Regulação (Sinagências) informou que dez agências reguladoras aderiram ao movimento.

Desde março, quando foi iniciado o processo de negociação salarial, foram realizadas mais de 200 reuniões para discutir reajustes, com mais de 31 entidades sindicais. Após apresentar proposta de aumento de 15,8%, dividido em três anos, o governo encerrou no dia 26 de agosto as negociações com os servidores. O prazo limite para envio do orçamento ao Congresso Nacional, com a previsão de gastos com a folha de pagamento dos servidores em 2013, é 31 de agosto.