A pecuária está diretamente ligada à preservação de 86% da vegetação nativa do Pantanal. Um dos desafios do projeto Biomas na região é antecipar ações que permitam manter o uso de recursos naturais, como a madeira para confecção de cercas, sem afetar a sustentabilidade que naturalmente caracteriza a relação entre produção e preservação.

A avaliação é do pesquisador da Embrapa Pantanal, Walfrido Tomas, durante o planejamento das ações do Projeto Biomas Pantanal, que reúne até esta quinta-feira (06), em Corumbá, representantes de universidades e instituições de pesquisas da região pantaneira. O Projeto Biomas envolve a comunidade científica de todas as regiões do País com o objetivo de elaborar modelos sustentáveis para o uso da paisagem rural, considerando as especificidades de cada um dos seis biomas brasileiros: Amazônico, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal.

Pesquisadores das unidades da Embrapa de MS e Paraná e de universidades de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e instituições de pesquisa reunidos no Hotel Nacional, em Corumbá (MS) ouviram do coordenador nacional do projeto, Gustavo Ribas Curcio, os eixos centrais da pesquisa a partir do estudo de Áreas de Preservação Permanente (APP), Áreas de Reserva Legal e Áreas de Sistemas Produtivos. O estudo vai culminar na elaboração de modelos de gestão sustentáveis, uma vitrine para mostrar os diferentes potenciais de uso das paisagens brasileiras. “O objetivo é viabilizar soluções com a árvore dentro da propriedade rural”, define Curcio.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul) e diretor vice-presidente da CNA, Eduardo Riedel, participou da abertura do planejamento. Segundo o dirigente, o projeto contribui não só para o entendimento das potencialidades de cada área rural a partir da sustentabilidade como na comunicação desse novo conceito para a sociedade. O dirigente também destacou que a sustentabilidade está presente nas práticas já usuais adotadas pelo homem do campo. “Parte importante da preservação são as práticas sustentáveis, como o plantio direto na palha, largamente utilizado pelo produtor”, ressaltou.

Walfrido Tomas é coordenador do projeto para os estudos do Bioma Pantanal e credita como maior mérito da iniciativa a mudança da relação do uso da terra com a vegetação. O pesquisador também vê no projeto o fórum ideal para discutir o pagamento por serviços ambientais. “Quem mantém áreas ambientais presta um serviço para a sociedade e deveria receber por isso”, defende.

Sobre o Projeto Biomas

O projeto é uma parceria entre Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Os estudos já estão sendo desenvolvidos nos seis biomas brasileiros. Os pesquisadores buscam soluções para a produção sustentável de alimentos a partir da reintrodução da árvore nas propriedades rurais do Brasil. O Projeto Biomas tem o apoio do SEBRAE, Monsanto, John Deere e Vale Fertilizantes.