Procissão noturna em Halifax marca centenário do naufrágio do Titanic

Halifax, capital da província canadense de Nova Escócia, se prepara para lembrar a partir da noite deste sábado a tragédia do Titanic com dois grandes atos, uma vigília noturna e uma cerimônia no cemitério onde estão enterradas muitas vítimas do naufrágio. As marcas do naufrágio do Titanic são claramente visíveis nesta cidade canadense mesmo depois […]

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Halifax, capital da província canadense de Nova Escócia, se prepara para lembrar a partir da noite deste sábado a tragédia do Titanic com dois grandes atos, uma vigília noturna e uma cerimônia no cemitério onde estão enterradas muitas vítimas do naufrágio.

As marcas do naufrágio do Titanic são claramente visíveis nesta cidade canadense mesmo depois de 100 anos do momento em que o navio britânico se chocou contra um iceberg no meio do Atlântico, um fato que gerou uma das tragédias marítimas mais conhecidas da história.

A mais visível delas pode ser encontrada no cemitério de Fairview Lawn, onde estão enterradas 121 vítimas do naufrágio, mais que em qualquer outro cemitério do mundo. Neste sábado, dezenas de pessoas devem visitar os túmulos das vítimas do Titanic, muitas delas sem nome, já que a grande parte dos corpos enterrados no local nunca foi identificado.

Neste cemitério, os próprios túmulos formam uma espécie de proa de navio e, na parte frontal, existe um amplo espaço vazio, que separa as vítimas da tragédia das outras lápides, para representar a montanha de gelo flutuante que se chocou com o “navio inaufragável”.

Um dos túmulos mais visitadas em Fairview Lawn é a de uma criança que até o ano 2007 não havia sido identificado. Agora, todos sabem que ali está os restos mortais de Sydney Leslie Goodwin, um menino inglês que viajava na terceira classe do navio junto com sua família.

Neste sábado, Jane Patricia Maidens, uma moradora de Halifax, fez questão de colocar uma moeda de um centavo sobre a lápide do túmulo de Sydney, um gesto que se transformou em uma prática habitual na região.

“É um sinal de respeito e amor”, disse Jane à Agência Efe que, por sua vez, reconheceu que era a primeira vez que realizava essa prática no cemitério onde está enterrada a maioria das vítimas do Titanic.

“Na Grã-Bretanha, no passado, costumavam colocar moedas sobre os olhos das pessoas quando elas morriam. Mas, além de sinal de respeito, essa prática também serve para enviar bons sentimentos, especialmente para uma criança”, completou.

O marido de Jane, Gerry Maidens, acrescentou que o dia de hoje é talvez o mais adequado “para mostrar respeito aos que morreram no afundamento”.

Jane e Gerry são apenas dois dos milhares que na noite deste sábado vão comparecer às cerimônias oficiais de Halifax em homenagem ao naufrágio do Titanic.

A partir das 20h30 (horário de Brasília), uma procissão, liderada por membros da cavalaria da Polícia do Canadá e por um carro fúnebre puxado por cavalos, conduzirá milhares de pessoas até o porto da cidade, o mesmo local onde chegaram os corpos das vítimas do naufrágio há 100 anos.
A procissão seguirá até o centro histórico de Halifax, onde atores e cantores representarão a trágica história da luxuosa embarcação que um dia foi considerado inaufragável.

Exatamente às 01h27 (horário de Brasília), o momento da última mensagem de auxílio enviado pelo Titanic, os habitantes de Halifax vão fazer um minuto de silêncio em sinal de respeito às vítimas da tragédia.

“O naufrágio do Titanic marcou nossa cidade”, disse à Agência Efe Kyla Friel, a coordenadora dos eventos que serão realizados neste fim de semana em Halifax.

“Foi a primeira de uma série de tragédias que fazem parte de Halifax. Cinco anos depois do naufrágio do Titanic ocorreu a explosão do navio francês SS Mont Blanc no porto, um episódio que destruiu grande parte da cidade e matou mais de 2 mil pessoas”, explicou.

Tanto para Gerry como Jane Maidens, a tragédia do Titanic representa mais do que a simples morte de mais de 1,5 mil pessoas.

Gerry, um antigo policial e paramédico de Toronto, não pode esquecer “a coragem daqueles que ficaram no navio até o final”. “Os integrantes da orquestra, que tocaram até o momento do naufrágio, e os tripulantes das caldeiras são indivíduos de muito valor e coragem” disse Gerry.

“Isso mostra como nós mudamos. Naquela época havia uma grande distinção de classes. Se não tivesse status para estar na primeira classe morria de forma imediata e era assim que funcionava. Estou feliz que hoje não seja tanto assim”, assinalou Jane.

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